“Antes de uma criança começar a falar, ela canta. Antes de escrever, ela desenha. No momento que consegue ficar em pé, ela dança. Arte é fundamental para a expressão humana”. Quem tem crianças em casa ou acompanha de perto o desenvolvimento dos pequenos não pode discordar desse comentário da atriz, cantora e diretora norte-americana Phylicia Rashad. A arte, definitivamente, é intrínseca ao ser humano.
A empreendedora social Camila Casagrande, de 29 anos, descobriu o poder da arte ainda no tempo de escola quando teve a oportunidade de pisar num palco e se apresentar. “Me veio uma sensação de pertencimento que eu nunca tinha sentido na vida”, conta Camila que, depois da apresentação, decidiu que precisava compartilhar essa experiência com outras crianças e adolescentes.
Então, em 2008, a jovem conversou com a diretora de sua escola em Curitiba e começou a dar aulas de hip hop para outras crianças. Só que com o passar dos anos, Camila viu que já não tinha mais o que ensinar para aqueles alunos, que já estavam se tornando adultos e que, segundo ela, já dançavam muito melhor que ela.
“Estava na hora de multiplicar isso que eles haviam aprendido. Então, fiz o convite para eles se tornarem professores e foi nesse mesmo momento que eu criei o Incanto”, conta a empreendedora.
Primeiros passos
O trabalho inicial do Incanto – Instituto de Cultura, Arte e Novas Tecnologias, foi basicamente estruturar um processo para aqueles primeiros alunos se tornarem professores e, assim, multiplicarem o impacto da arte em outras regiões da cidade.
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“Eu fui atrás de outras ONGs, como casas lares e projetos de contraturno escolar para poder levar esses professores até essas instituições e executar essas aulas com as crianças em situação de vulnerabilidade social”, relembra a fundadora.
Segundo ela, esse trabalho começou oficialmente em 2017 e, depois de quase 3 anos, o instituto já tinha uma rede de 17 ONGs parceiras, que somavam mais de 500 crianças e adolescentes atendidos. “O trabalho foi crescendo de uma forma muito disruptiva, foi muito bonito de ver”, afirma. Além das aulas de dança, os artistas voluntários que são professores do instituto, também dão aulas de teatro, música, circo, artes visuais, cultura e tecnologia.
Centro Cultural
Em 2020, um dos sonhos de Camila e dos voluntários do Incanto saiu do papel: ter o próprio centro cultural. “Uma das ONGs parceiras fez o convite para assumirmos a gestão do espaço porque eles iam fechar por conta da pandemia”, conta. Mesmo temporariamente com aulas online, o centro cultural foi inaugurado em 2021. Dessa forma, o instituto passou a ter um espaço próprio para as atividades, mas sem deixar de lado o trabalho com as ONGs parceiras.
Lá, funcionários e voluntários acolhem as crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social de Curitiba e região metropolitana e que estão ansiosas por aprender coisas novas e ter sua vida transformada. Além disso, agora o Incanto também tem uma vertente focada na qualificação profissional de jovens e adultos.
Hoje, além do trabalho diário dos funcionários e voluntários, o instituto conta com a ajuda de corações generosos que possam contribuir tanto financeiramente quanto com doações de materiais, por exemplo. “Neste ano, esperamos atender 54 ONGs e impactar a vida de 1820 crianças e adolescentes. É o nosso desafio”, afirma Camila.
E assim, com muita alegria, música, dança, teatro e tantas outras expressões artísticas, o instituto Incanto segue cumprindo a sua missão, que é “gerar senso de pertencimento a uma vida digna, ampliando a visão de mundo e transformando valores negativos para valores positivos dessas crianças e adolescentes em risco”. Quem se interessar em ajudar o instituto, pode entrar em contato pelo site ou pelo Instagram.