Somente na semana passada, Curitiba e região metropolitana foram alvo de sete explosões contra caixas eletrônicos. O furto recente de 100 quilos de dinamite de uma fábrica de explosivos, no dia 20 de agosto, pode ter municiado os criminosos. Ainda assim, os números demonstram que o número de explosões contra caixas diminuiu do ano passado para cá, tanto na RMC como em todo o Estado.
Para o delegado Rodrigo Brown, do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), os explosivos furtados da Britanite, em Quatro Barras, podem estar ligados ao número de explosões da semana passada. “Eles precisam de matéria-prima para agir, se não precisam cortar o cofre com maçarico. Explosivo, para eles, é mais fácil. Põe lá, detona, e volta para buscar o dinheiro”, comentou.
Segundo o delegado, os criminosos costumam usar explosivos roubados, durante o transporte, ou em pedreiras e paióis; ou os trazem do Paraguai. “Assim como eles contrabandeiam armas. Explosivo é um artigo extremamente barato e fácil de adquirir”, explicou.
O número de explosões da semana anterior também está relacionado, conforme o delegado, ao período do mês. “Nós percebemos que esses crimes ocorrem sempre na virada do mês, quando os caixas eletrônicos estão com maior quantidade de dinheiro. É época de pagamento, época de fluxo maior de movimentação de numerário. Então eles aproveitam esses períodos para fazer esses ataques”.
Diminuição
Apesar do alerta despertado com as ocorrências recentes, dados do Sindicato de Vigilantes de Curitiba e Região apontam que houve uma diminuição no número de explosões a caixas eletrônicos. De 1.º de janeiro a 2 de setembro deste ano, foram registrados 88 crimes deste tipo em todo o Paraná, enquanto no mesmo período do ano passado foram 122 ocorrências. Só na Grande Curitiba, foram 40 explosões – contra 52 no mesmo período do ano anterior.
Virou moda nacional
Para o delegado, os números refletem o intenso trabalho da polícia para combater os criminosos, e várias prisões efetuadas. “Ano passado fizemos várias operações, tanto a Polícia Civil, a Polícia Militar, o Departamento de Inteligência. Todo mundo se mobilizou”, disse.
“Infelizmente, esse é um tipo de crime que se tornou moda e aumentou no país inteiro. Nosso estado ainda está com índices bem menores do que outros que a gente acompanha”, afirmou. As explosões, segundo ele, acabam representando menos risco para os bandidos – tanto de serem flagrados, quanto a possibilidade de um eventual confronto, e até de balearem uma vítima e cometerem um latrocínio (roubo com morte).
A pena – geralmente os suspeitos são autuados por furto qualificado – também é menor. Por outro lado, o delegado afirma – e os números comprovam – crimes como assaltos a bancos em que clientes e funcionários ficavam reféns dos marginais e sequestros-relâmpagos de gerentes e funcionários das agências – tiveram uma diminuição.
Investimento em segurança
Rodrigo afirma que as instituições que têm investido em segurança têm tido bons resultados com a diminuição das explosões e outros crimes. Entre os dispositivos estão o acionamento de fumaça e a guilhotina que corta as notas quando há uma tentativa de violação.
“Onde o banco investe nesse tipo de dispositivo a gente vê que os crimes praticamente desaparecem, porque eles só conseguem pegar um pedacinho de dinheiro, ou pegam dinheiro manchado com tinta que não tem como tirar, ou o local fica cheio de fumaça e eles não conseguem encontrar nada; então não voltam”.
Furto de dinamite investigado
A Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam) investiga a ação dos bandidos que furtaram os explosivos da Britanite e procura pelos suspeitos que levaram, de acordo com o delegado Vinicius Borges Martins, uma quantidade significativa de dinamites.
O furto foi durante a noite. Os bandidos entraram pela parte dos fundos da fábrica e, usando marretas, conseguiram abrir um buraco na parede. Moradores da região disseram ter ouvido um foguetório de mais de dez minutos e acreditam que os bandidos podem ter soltado os fogos para desviar a atenção do barulho. Os marginais tiveram acesso ao depósito onde estavam armazenadas as dinamites e conseguiram levar os artefatos.
A ação foi descoberta pela manhã pelos seguranças. De acordo com a Deam, investigadores estiveram no local e fizeram o primeiro levantamento do que foi roubado. De acordo com o delegado, no dia do furto a perícia do Instituto de Criminalística esteve no local e fez todo o trabalho técnico. A intenção, além de documentar a forma usada pelos bandidos para arrombar o prédio, era também encontrar vestígios deixados pelos autores.
Na Deam, um inquérito foi aberto para investigar o furto. Segundo Martins, por se tratar de artefatos explosivos, o fato deve ser investigado com rigor. “Em um primeiro momento, não podemos afirmar que o aumento dos ataques aos caixas eletrônicos esteja relacionado ao furto. Mas nós continuamos investigando o furto e contamos também com a ajuda da população com denúncias”, disse. Informações podem ser passadas para a Deam através do (41) 3883-7131. A Britanite foi procurada pela Tribuna, mas não quis dar esclarecimentos sobre o caso.