Após diversos apontamentos de moradores e comerciantes dos bairros Santa Quitéria, Vila Izabel, Portão e Seminário, a Prefeitura de Curitiba apresentou a revisão e os ajustes do Projeto do Novo Inter 2, especificamente no trecho da Avenida Arthur Bernardes.
Entre as novas mudanças, para evitar o corte de árvores de grande porte, as vias serão deslocadas para a margem direita da pista. Com isso, alguns imóveis devem ser desapropriados. Dessa forma, conforme a prefeitura, o ônibus terá uma faixa exclusiva pela direita, podendo passar pela Rótula dos Anjos sem ficar preso em congestionamentos.
Outra solução apresentada, com objetivo de ampliar os benefícios ambientais, foi o novo desenho orgânico das pistas de caminhada e ciclovias.
Cerca de 250 pessoas participaram do encontro que aconteceu no salão da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Seminário, na noite do dia 15 de abril. Entre eles, integrantes do Movimento SOS Arthur Bernardes – criado no ano passado para tentar evitar o corte de mais de 200 árvores na avenida.
“Nenhum dos dois pontos principais foram considerados [pela prefeitura]: manter as atuais duas faixas para cada sentido do tráfego, sendo as internas exclusivas para os ônibus, claro, e a não inclusão de um mini-terminal no meio do parque”, afirma Gabriel Bressan, um dos integrantes do movimento.
Movimento afirma que poucas reivindicações foram atendidas
De acordo com a prefeitura, foram feitas simulações de tráfego para entender como o trânsito altera a operação do transporte coletivo, especialmente na quadra entre a Avenida Iguaçu e a Rótula dos Anjos. Neste trecho está o maior ajuste feito no projeto, com a manutenção de quatro faixas de rolamento, sendo uma exclusiva para ônibus.
“Na nova proposta eles maquiaram tirando o teto da estrutura e mudando o nome de terminal para estação, mas segue sendo uma estrutura que levará o Inter 2 e mais vários alimentadores para dentro do Parque, que deveria ser uma região de via calma com travessias elevadas para segurança de quem frequenta o Parque diariamente”, afirma Verônica Rodrigues, também integrante do Movimento SOS Arthur Bernardes.
Com relação a não instalação de uma estação-tubo, a administração municipal explica que houve um estudo, mas que não seria viável do ponto de vista da integração do transporte coletivo. “Foram feitas análises de alteração da instalação da nova estação de integração do Santa Quitéria. Uma hipótese estudada foi a troca da estação-tubo pelo modelo Prisma Solar no ponto atual, mas essa alternativa foi descartada por não permitir integração de todas as linhas troncais e alimentadoras e ainda colocar usuários em risco durante a operação, por não ter espaço para embarque e desembarque sem a travessia das pistas. Para essa questão, a solução foi manter a estação no ponto original do projeto, com alterações arquitetônicas que reduziram a área de impermeabilidade, ainda que sejam necessários os transplantes de mudas de árvores já plantadas no local”, diz a prefeitura em matéria publicada no site do município.
A transferência de mudas que já foram plantadas no trecho também é motivo de questionamento. “A prefeitura já fez o plantio de compensação de 100 mudas de araucária no final de 2018, por conta dos cortes de araucárias para a trincheira da Mario Tourinho. Compensação da compensação até quando?”, questiona Gabriel.
“O único ponto atendido pelo movimento é a promessa de decreto que vai transformar, o que hoje chamam de eixo de animação, em Parque Linear. Além disso o que temos de ganho foi a criação de jardins de infiltração para melhor drenagem da água e a permanência das quadras de esportes de uso amplamente consolidado pela população em todos os dias da semana. Nenhuma outra reivindicação do movimento foi atendida”, diz Verônica.
O que diz a prefeitura
A Prefeitura de Curitiba explica que os técnicos fizeram estudos de correção geométrica das vias, métodos construtivos, fluxo de trânsito e topografia, considerando também a vida útil de mais de 20 anos em uma obra com essa dimensão.
As mudanças do projeto foram apresentadas na audiência pública pela secretária municipal do Meio Ambiente, Marilza Dias, pela presidente do Ippuc, Ana Zornig Jayme, e pela coordenadora de Transporte Público do instituto, Olga Prestes.
