Os passageiros que trafegam entre o Portão e o Santa Cândida eixo onde se prevê a construção do metrô — poderiam aguardar a chegada do modal sobre trilhos transitando em ônibus mais confortáveis e velozes. Bastaria concluir o projeto do Ligeirão Eixo Norte-Sul, de R$ 15 milhões, que está com as obras estruturais prontas desde 2014 mas que ainda depende da compra dos ônibus. Uma liminar desobriga os empresários do setor a comprarem novos ônibus até que seja analisado o mérito de uma disputa entre eles e a prefeitura sobre a aplicação do contrato de concessão.
As obras do Ligeirão Norte-Sul foram iniciadas em abril de 2012, antes de as empresas ingressarem na Justiça. A média da frota na cidade tem de ser de cinco anos e a idade máxima dos veículos não pode ultrapassar 10 anos. Mas os empresários alegam que não têm condições de fazer isso em virtude de renovações tarifárias equivocadas. A prefeitura diz cumprir o edital e o contrato de concessão.
Sem dinheiro
O Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) se diz a favor da renovação da frota, inclusive com a compra de novos ônibus, desde que haja uma tarifa técnica que cubra os custos do sistema – inclusive contemplando esse tipo de investimento. A entidade cita que as empresas conquistaram em 2013 uma liminar judicial que as desobriga de renovar a frota e que a Justiça entendeu que era necessário esclarecer se os empresários realmente estão recebendo o justo valor pelo serviço antes de fazê-los comprar novos ônibus.
A Urbs alega que recorreu dessa decisão, mas que desde 2013 negocia com as empresas em busca de um consenso sobre o tema. A atual gestão sustenta que assumiu a prefeitura com a obra em andamento. A partir de janeiro de 2013, um novo cronograma de obras teria sido estabelecido para desativação e realocação de 30 estações-tubo, além do alargamento das canaletas para ultrapassem de biarticulados, adequação de pavimento e intervenções de drenagem e iluminação.
Segundo a prefeitura, com as obras já iniciadas, era inquestionável a necessidade de conclusão dos serviços por conta dos sérios transtornos causados a usuários do transporte coletivo, comerciantes e moradores desse eixo.
Ajustes de baixo custo
A ampliação da capacidade do transporte coletivo no eixo entre a Rua Sete de Setembro, Avenida João Gualberto e Paraná já havia sofrido um revés quando um grupo de moradores foi contra a ideia que o retorno do Ligeirão ocorresse na Praça do Japão, pois um trecho da praça seria aberto para a passagem dos veículos.
Sem consenso, a prefeitura então desistiu dessa ideia e agora a previsão é que o contorno seja feito no Terminal do Portão. O local, segundo Roberto Gregório, presidente da Urbs, demandará ajustes “a custos baixíssimos”, que só serão feitas quando houver a liberação para a compra dos veículos.
Ao todo, serão necessários 24 novos Ligeirões azuis, que custam pouco mais de R$ 900 mil cada. Caso concluído, a expectativa é de que o novo Ligeirão Norte-Sul acrescente aumente em 50% a capacidade atual do eixo (170 mil passageiros/dia).