Prevista para começar em setembro, com mais de um ano de atraso, a construção da trincheira no bairro Seminário, em Curitiba, preocupa os comerciantes da região. Na última terça-feira (27), o prefeito Rafael Greca (DEM) confirmou que a obra no cruzamento da Avenida Nossa Senhora Aparecida com a Rua General Mário Tourinho deve finalmente sair do papel.
“Acho que no meio de setembro a confusão [de obras] vai estar instalada ali”, declarou Greca em entrevista ao programa RIC Mais Notícias, da Rádio Jovem Pan Curitiba. Com isso, comerciantes já estão se mudando para outros endereços e até vendendo imóveis diante da perspectiva de meses sem lucro por causa da construção da trincheira. A previsão é de que a trincheira fique pronta em abril de 2020, se não houver nenhum atraso.
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Greca afirmou que as vigas que sustentarão a trincheira, fabricadas em Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana, estão quase concluídas. Com isso, a prefeitura começou nesta semana o recuo dos muros de alguns imóveis na Mário Tourinho. O próximo passo será a retirada da fiação elétrica para aí sim começar a construção de fato. “Estamos concluindo as vigas, derrubando muros dos vizinhos e tirando a fiação. Já derrubamos as árvores do caminho. Agora, se Deus quiser, vai sair”, declarou Greca à rádio.
O processo de desapropriação de parte dos estabelecimentos começou em 2014 e foi concluído em 2019. Ao todo, 37 imóveis passaram pela negociação, em que todos os valores já foram pagos e a prefeitura já possui os documentos de integração de posse.
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Sócio de uma mecânica com 12 funcionários na Mário Tourinho, Antônio Luiz Leite da Silva relata que o imóvel já está à venda. “Queremos sair daqui para locar um terreno próximo. Eu posso sair da Mario Tourinho, mas não da região. Se ficarmos aqui, o prejuízo pode ser muito grande e a gente pode acabar não honrando nossos compromissos”, salientou.
Silva também contou que a falta de perspectiva atrapalha no planejamento de ações para o período da obra. “Tudo que ficamos sabendo é pelas redes sociais. A prefeitura fez uma reunião conosco, mas já faz muito tempo”, reclamou.
Há quem até já deixou a região. O primeiro comércio a partir, ainda em 2018, no primeiro anúncio de começo da obra, foi uma lanchonete fast food que ficava bem na esquina onde será erguida a trincheira. A próxima é uma loja que conserta celulares. “Vamos perder boa parte do nosso estacionamento, então vai ser melhor irmos para um novo local, para não correr risco de o movimento cair”, destaca a subgerente da loja, Maiara Cristina Silva.
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O estabelecimento deve deixar a Mario Tourinho justamente em setembro, quando a obra deve começar, e ir para a Avenida Presidente Arthur Bernardes.
A expectativa pela obra faz com que alguns comerciantes passem o dia na calçada. Gerente de uma outra oficina mecânica, Oliveira Carvalho Junior busca todos os dias os engenheiros da obra para saber como estão as coisas. A apreensão é de que o trabalho comece, tenha interrupções e que se estenda ainda mais o prazo da conclusão. “O que a gente espera é que comece e só pare quando realmente termine, de uma vez. Nosso medo é que se torne uma nova Linha Verde, que fique parando e voltando. Isso prejudicaria muito nosso trabalho”, ressaltou.
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Atraso
A trincheira do Seminário já poderia estar pronta se o cronograma inicial da prefeitura tivesse sido cumprido. Em julho de 2018, Greca anunciou em sua conta no Facebook que a obra começaria no prazo de um mês. No início de 2019, tapumes chegaram a ser instalados na Mário Tourinho, mas logo foram recolhidos, já que a obra não começou por uma mudança no projeto. Uma viga produzida na Suécia não ficaria pronta a tempo e teve de ser substituída por uma fabricada no Brasil.
A trincheira é para desafogar o trânsito entre o Centro e o bairro Campo Comprido, além do trajeto entre o bairro Portão e o Parque Barigui. A trincheira do Seminário também está no plano de mobilidade das linhas de ônibus Interbairros II e Ligeirinho Inter II, que terão canaletas exclusivas ao longo de todo o seu percurso por 45 bairros.
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