Contra a estiagem

Obra da barragem do Miringuava não avança por excesso de chuvas, diz Sanepar

Em junho, a produção do aterro compactado da barragem foi de apenas 3% em relação ao previsto. Foto: André Thiago Chaves/ Sanepar

Toda vez que se fala da crise hídrica e do rodízio de abastecimento de água na Grande Curitiba, muitos moradores da capital e da região metropolitana perguntam: e a barragem do Miringuava? A esperada obra em São José dos Pinhais, que vai aumentar a capacidade do Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba e Região Metropolitana (Saic), curiosamente está sendo atrapalhada pelo que anda faltando na capital e municípios vizinhos desde o ano passado: chuva.

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Segundo a Sanepar, no momento, a obra do Miringuava encontra-se na fase de execução do aterro compactado do maciço. “Esta etapa da obra é imprescindível para a continuidade de outros serviços previstos, tais como filtros, drenos, enrocamentos, pavimentação, instalações elétricas, testes de equipamentos e urbanização”, informou a estatal, em nota enviada à Gazeta do Povo.

A Sanepar destacou que, para a execução do aterro compactado da barragem, é fundamental o controle do teor de umidade e do grau de compactação do solo a ser aplicado, para que sejam garantidos o atendimento aos requisitos técnicos do projeto de engenharia e a segurança e estabilidade da barragem quando ela entrar em operação.

“No mês de junho de 2021, a produção do aterro compactado da barragem foi de apenas 3% em relação ao previsto devido à ocorrência de 13 dias chuvosos na região. A obra se localiza próxima à região da Serra do Mar, onde o clima é muito úmido em função de constantes chuvas, garoas e nevoeiros”, argumentou a Sanepar. Um dia de chuva requer outros três ou cinco dias secos para que se possa trabalhar de acordo com as especificações do projeto, segundo a companhia.

A estatal acrescentou que “está buscando alternativas tecnológicas para reduzir o impacto gerado no cronograma das obras, devido à dificuldade de avanço na execução do aterro da barragem”.

Não há prazo de conclusão da barragem do Miringuava

A Sanepar não deu uma previsão de conclusão da barragem do Miringuava, obra cujos valores giram em torno de R$ 160 milhões e que, ao ser concluída, terá capacidade de reservação de 38 bilhões de litros de água, o que garantirá produção de 2 mil litros de água por segundo. No ano passado, a empresa havia projetado que o enchimento do lago deveria ocorrer ainda no primeiro semestre de 2021.

Há seis meses, uma equipe da Segunda Inspetoria de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) realizou visita técnica à região do Miringuava e já havia constatado atraso na execução do projeto: enquanto a previsão do cronograma era de que os trabalhos chegariam a 61,39% em dezembro de 2020, até o final do ano passado havia sido executado apenas 40,55%.

À época, a Sanepar alegou que um surto de Covid-19 entre os operários que trabalham na obra do Miringuava e a grande ocorrência de chuvas no último bimestre de 2020 provocaram o atraso. Os técnicos do TCE-PR estão elaborando um relatório sobre as obras da barragem, que será apresentado ao conselheiro Artagão de Mattos Leão.

Entretanto, ainda em janeiro, a equipe do tribunal ressaltou que a capacidade de abastecimento do Miringuava será ampliada de uma vazão média de 800 litros para 2 mil litros por segundo, o equivalente a 12% do total que é fornecido pelo sistema hoje – ou seja, apenas a barragem não resolveria, de forma definitiva, os problemas de abastecimento que a RMC vem enfrentando, segundo o TCE-PR.

O diretor-presidente da Sanepar, Claudio Stabile, afirmou no ano passado que a barragem do Miringuava “vem para atender à demanda atual e futura da Região Metropolitana de Curitiba, e eliminar o déficit em períodos de estiagem, como o que acontece agora”. “Daremos maior confiabilidade ao sistema”, argumentou.

O rodízio de abastecimento de água em Curitiba e Região Metropolitana teve início em 2020 e opera no modelo 60 horas de fornecimento e 36 horas com suspensão desde 15 de março deste ano. Caso o nível dos reservatórios da RMC fique abaixo de 50%, a Sanepar deve retomar o rodízio mais duro, de 36 x 36 horas. O patamar do Saic está em 54,69%, de acordo a medição de terça-feira (6), feita pela a estatal. O rodízio só será abolido caso o nível atinja 80%.

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