Jornalista esportivo, apresentador na Rádio Transamérica há 17 anos, Marcelo Fachinello vai iniciar uma nova carreira em 2021. Foi eleito vereador de Curitiba com 5.326 votos na eleição do último dia 15, pelo PSC. Mas não pretende deixar o esporte de lado na nova empreitada e adianta que vai atuar em políticas públicas voltadas à área, como no incentivo à prática esportiva como ferramenta de transformação social.
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Nascido em Realeza, no Sudoeste do Paraná, em 1980, Fachinello não precisou ir atrás do instrumento que o acompanharia ao longo de sua carreira. Seu pai era proprietário de uma emissora local, a Rádio Clube de Realeza. “Meu brinquedo, nos fundos de casa, depois do futebol, era o rádio”, conta. “Desde que me conheço por gente, eu estou dentro de rádio. Eu voltava da escola e ficava lá o tempo todo.”
Em 1998 mudou-se para Curitiba, onde cursou jornalismo nas universidades Positivo e Tuiuti. Seu primeiro estágio foi em uma emissora quase homônima à de seu pai, a Rádio Clube Paranaense, mais conhecida como RB2 e hoje extinta. Em 2000, foi indicado para trabalhar na CBN Curitiba pelo jornalista Alexandre Zraik, cronista esportivo e colunista político que viria a falecer quatro anos depois em um acidente de trânsito. “Uma pessoa que me ajudou bastante e a quem sou muito grato”, diz Fachina, como é conhecido.
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Na CBN, trabalhou com cobertura de assuntos gerais, mas seu foco sempre foi no noticiário esportivo. Em 2003, deixou a emissora para ingressar na Transamérica, onde trabalha nos últimos 17 anos fazendo transmissão de jogos e apresentando o programa Transamérica Esportes. Paralelamente teve passagens pela TV É Paraná (atual Paraná Turismo) e pelos extintos jornais O Estado do Paraná e Metro Curitiba. Atuou ainda como assessor de comunicação no governo do estado e na prefeitura de Curitiba, respectivamente na Paraná Esporte e na Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude.
Sempre teve interesse pelo debate político. Em 2016, em meio ao momento conturbado que o país atravessava, na esteira das manifestações iniciadas em 2013 e do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), decidiu candidatar-se a vereador de Curitiba pelo PTB. Recebeu o apoio de 4.168 eleitores e, embora tenha somado mais votos do que sete dos vereadores eleitos, ficou apenas na primeira suplência de seu partido.
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Decidido a ingressar na carreira política, passou a se preparar para uma nova candidatura ao cargo, iniciando um curso superior em gestão pública, concluído pelo Centro Universitário Estácio em agosto de 2020, poucos meses antes das eleições.
Em 2019, por sugestão do amigo Phelipe Mansur, inscreveu-se para o processo seletivo do RenovaBR, uma iniciativa que pretende formar lideranças políticas no país por meio de uma qualificação considerada apartidária. “O Phelipe fez parte da primeira turma, em 2018, e me incentivou, disse que eu tinha o perfil para participar”, conta. Mansur, que se tornou suplente de deputado estadual em 2018 e era superintendente de governança do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) viria a falecer em junho de 2020 em um acidente na BR-277, no interior do Paraná.
Para participar do curso RenovaBR Cidades, Fachinello concorreu com 31 mil inscritos de todo o país, dos quais 1,4 mil foram selecionados. A capacitação ocorreu de forma online, com conteúdo relacionado a desafios dos municípios brasileiros, além de liderança e comunicação política, segundo a instituição. Ao fim do ano, 1.140 participantes se formaram, dos quais 147 se elegeram prefeitos ou vereadores em 2020.
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“Falamos sobre política, discutimos lei orgânica, Constituição. Mas o mais importante de tudo é que o RenovaBR é um movimento apartidário, tem representantes de quase todos os partidos e te dá conexão com pessoas de outras cidades, te faz conhecer outras realidades, pessoas de todos os espectros ideológicos, então sem dúvida agregou muito, inclusive para o processo de formatação da campanha.”
Agora eleito, com 5.326 votos, Fachinello diz posicionar-se politicamente na centro-direita. Ingressou no PSC por indicação do deputado federal Paulo Martins, presidente estadual da legenda, e também por uma sugestão do vice-prefeito reeleito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), cuja coligação incluiu o partido. Apesar disso, diz não ter compromisso com o prefeito Rafael Greca (DEM). “O que é bom a gente tem que apoiar. O que não é, a gente precisa cobrar.”
Por sua experiência profissional, foi natural escolher o esporte como bandeira do mandato. Sua principal proposta é trabalhar para que o Decreto Municipal 1.743/2017, que prevê incentivo a atletas e paratletas, associações, entidades esportivas e técnicos, inclua a renúncia fiscal do ISS e do IPTU de pessoas físicas e empresas que queiram contribuir com a iniciativa. Hoje só entidades sem fins lucrativos podem participar, e apenas com o abatimento do IPTU, com reversão do desconto para o programa de incentivo ao esporte. “A ideia é também transformar o decreto em lei, como existe em nível estadual e federal.”
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Outro projeto que o jornalista considera importante é a ampliação do programa Escola + Esporte = 10, da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude de Curitiba em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. Nele, cerca de 10 mil crianças e adolescentes são atendidos no contraturno escolar com atividade física em escolas municipais. “A ideia é ampliar por meio de mais recursos financeiros, que podem vir da Câmara ou por meio de parcerias.
Morador do Cristo Rei, bairro em que foi o quarto candidato mais votado, acredita que a política deve ser exercida para sociedade como um todo. “A gente precisa ter vereadores representantes da cidade, das pessoas, não só especificamente de um determinado lugar, embora eu respeite isso. O vereador precisa pensar no bem comum.”