A alteração de horário das linhas de ônibus de Curitiba, por causa das férias escolares, preocupa passageiros na cidade toda. Com a diminuição na circulação de veículos, as consequências são a maior espera nos pontos, a maior lotação dos ônibus e o maior intervalo entre a passagem dos coletivos. Alguns usuários relatam já sentir a mudança.
Por enquanto, segundo a Urbs, apenas os veículos que fazem o reforço em rotas que atendem escolas e universidades, como os expressos Circular Sul e Santa Cândida/Capão Raso, e os ligeirinhos Bairro Novo, Boqueirão/Centro Cívico e Sítio Cercado, deixaram de circular. Outras três linhas da cidade também estão com circulação menor, são os casos dos alimentadores Pinheiros e Tinguí, além do ônibus São Braz. Até o dia 26, outras linhas entrarão em regime de menor circulação. É possível consultar as rotas modificadas no site da Urbs.
Mas essa não é a visão de quem usa o transporte coletivo durante as férias nas escolas. O auxiliar de cozinha André Lacerda Pinho vai e volta do trabalho todos os dias com a linha Bairro Novo, que já sofreu a redução. Ele destaca que as filas desta linha, principalmente no tubo da Praça Rui Barbosa, são geralmente extensas, o que só aumentou com a menor circulação de veículos. “Acho que deve amontoar ainda mais. Quando li a notícia, me preocupei, porque sabia que com certeza iam cortar daqui. Você vê, sempre tem fila dobrando a esquina nesse tubo, porque é muita gente indo para aquele lado”, relatou, em referência à região sul de Curitiba.
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De acordo com a Urbs, que gerencia o transporte coletivo em Curitiba, existe um monitoramento constante do número de passageiros por linha, e ajustes são feitos conforme a necessidade apresentada em cada situação. Pinho, no entanto, tem dúvidas da validade do discurso oficial. “Sempre vão dizer que medem, que fazem conforme a necessidade, mas a gente nunca sabe até onde isso é verdade. Não sei se fazem mesmo ou se escolhem as áreas mais pobres para cortar, porque o Bairro Novo sempre sofre”, disparou.
Não foram poucos os relatos ouvidos pela reportagem sobre os ônibus. Quem também não estava satisfeito com o horário de férias eram passageiros da linha Fazendinha, que embarcaram no bairro na tarde da última terça-feira (12). Alguns aguardaram quase 40 minutos para entrar em um veículo da linha.
Além do intervalo maior entre os ônibus, dois ônibus quebraram e todos tiveram de embarcar no terceiro. Atrasados para o trabalho e demais compromissos, muitos passageiros não tinham como aguardar o quarto ônibus. O resultado era atraso e superlotação. Entre o aperto e a indignação, eram muitas as reclamações: “a situação está assim porque ninguém reclama”, disse uma passageira. “Pagar R$ 4,25 para andar desse jeito, indagou outra. “Já tem pouco ônibus e ainda os que têm ficam quebrando”, constatou outro usuário. Antes de chegar à Avenida Getúlio Vargas, já não tinha espaço para mais ninguém embarcar – e muitos passageiros, também atrasados, foram ficando pelo caminho à espera do próximo ônibus. “Até parece que é só estudante que usa ônibus”, reclamou outra passageira, já atrasada para o seu compromisso.
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Usuária da linha São João, que tem como destino o Terminal do Cabral, a cabeleireira Lucimar dos Santos não sabia da redução, mas acredita que sua rota sofreu algum corte, já que os ônibus deixaram de passar no horário costumeiro. “Deu para perceber que alguma coisa estranha tem, desde [segunda]. Não sabia que tinham reduzido, mas já fiquei no ponto mais tempo [segunda], [terça] e também estou até agora, sendo que normalmente já teria passado”. A reportagem esteve no Terminal do Cabral entre as 19 e as 20 horas.
Para ela, a troca de horários acaba expondo as pessoas a riscos extra, mesmo seu ponto sendo dentro de um terminal. “Prefiro ficar na loja esperando e vir só na hora que o ônibus estiver aqui. Vou passar a consultar os horários, porque a gente tem medo. Ficar no ponto, no começo de noite, nunca é bom”, afirmou, após ser informada de que poderia consultar os horários de passagem da linha pelo terminal.
Redução dos ônibus
De acordo com a Urbs, a redução na circulação dos ônibus foi de apenas 4% da quilometragem rodada diariamente. A média, segundo dados da empresa, é de 303 mil quilômetros diários, em cerca de 15 mil trajetos. Assim, serão pouco mais de 12 mil quilômetros a menos rodados por dia em Curitiba. A adoção do regime de menor circulação é justificado pela queda de 9% na demanda pelo transporte da cidade, o que significa que 130 mil pessoas deixam de circular em ônibus em Curitiba entre dezembro e fevereiro.
Os atrasos relatados pelos passageiros não têm relação com a mudança de horários, segundo a Urbs, já que as linhas afetadas ainda são poucas. Segundo a empresa, outros fatores como movimentação, obras, acidentes, falhas mecânicas, podem ter influenciado os casos. A empresa destaca que há 20 anos é feita a alteração de horários no período de férias escolares, já que algumas linhas têm esvaziamento significativo nesse período, e que adaptações na escala ainda serão feitas conforme monitoramento feito pela Urbs. Reclamações devem ser feitas pelo telefone 156, da prefeitura.