Superação, determinação e vontade de empreender. A pandemia da covid-19 prejudicou muita gente, trouxe tristeza à milhares de famílias e gerou prejuízos inestimáveis. No entanto, reforçou o desejo das pessoas em alterar o rumo da vida, sem dar bola para preconceitos, idade e opiniões contrárias. Cozinheiras, esteticistas, boleiras e tantas outras profissões que ganharam vez nos quatro cantos de Curitiba.

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Ao circular pelos bairros da capital paranaense ou até mesmo da região metropolitana, possivelmente você irá encontrar o comércio relacionado a refeição e estética. Os dois serviços cresceram nos últimos anos e viraram opção para quem perdeu o emprego ou até mesmo decidiu tocar o próprio negócio.

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O mercado de marmitas é o que mais cresce no setor alimentício. De acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o número de vendedores de quentinhas teve um aumento de 134% em cinco anos. Isso significa que o mercado virou oportunidade de negócio para muitas pessoas, que foram atrás muitas vezes por causa do desemprego.

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As marmitarias podem estar nos bairros mais afastados ou chiques e contemplam o melhor do empreendedorismo social. São as marmitarias gourmets, veganas e vegetarianas e mesmo as “fit” para a turma da saúde.

Ione ganha o cliente pelo estomago e também pela simpatia. Foto: Gerson Klaina.

Há ainda as marmitarias que se dedicam à culinária mineira, nordestina, caseira e comidinha da mamãe. Um bom exemplo é a Marmita da Ione, no bairro Taboão, próximo ao Parque Tanguá. Natural de Prado, na Bahia, Ione ganha o cliente pelo estomago e também pela simpatia. Ela já morou em Minas Gerais e consegue unir as delícias do tempero baiano com o mineiro diretamente nas embalagens de isopor.

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Antes de se aventurar nas panelas, Ione Alves Campos, 52 anos, administrou um parque de diversões. Nas horas de folga, gostava de cozinhar para funcionários e para a família. A vinda para Curitiba aconteceu um pouco antes da pandemia, com o objetivo de acompanhar os estudos do filho. Acostumada a trabalhar em um local movimentado e com um público variado, Ione foi atrás de uma renda usando um dom que não tinha sido muito usado na vida. A arte de cozinhar. “Surgiu a ideia vendo na televisão, os caminhoneiros sem opção de comida, pois os restaurantes estavam fechados.

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“Eu faço por amor, e procuro fazer a marmita como deve ser feita para a minha família. É feito com coração e não uso sobras do dia anterior”, disse Ione.

A marmitaria não utiliza serviço de entrega, mas mesmo assim leva movimento para a rua. Aos sábados, o cheiro da famosa feijoada da Ivone abraça aqueles que estão indo para o Tanguá. Além das marmitas, a empreendedora comercializa maçã do amor, sorvetes e bolas coloridas em um trailer que era utilizado no parque de diversão.

“Não tenho motoboys, pois sou sozinha na cozinha. Coloque amor e fé, que Deus vai abrir o caminho. Não cruze os braços, levante a cabeça e diga: eu posso, eu consigo. Se for fazer comida para 2, faça para 10. Eu já pensei em parar de vender as marmitas e apenas doar. Ainda não consegui, mas quem sabe um dia”, ressaltou Ione.

Primeira panela

Amiga de Ione deu o “empurrãozinho” com umas panelas que permitiram ela começar o negócio. Foto: Gerson Klaina.

O desafio de começar um novo trabalho é complicado. Além de nem sempre ter recurso financeiro à disposição, a falta de equipamentos freia o negócio. No caso da Ione, ela não tinha grandes panelas para cozinhar. Jaqueline Custódio da Silva, 52 anos, enfermeira, é amiga de Ione e quando ficou sabendo do projeto, deu o primeiro incentivo para as marmitas ao dar uma panela maior.

“Eu tive um bar em Natal e trouxe de lá algumas panelas. Quando ela comentou que iria fazer marmita, ofereci a panela grande. Ela estava disposta a comprar, mas logo entreguei para ela. Ela é empreendedora por natureza e quando toca, vira ouro. Ela é iluminada, e defendo a tese que é melhor arriscar do que ficar na dúvida. A Ione faz de tudo um pouco e não tem tempo ruim”, elogiou a amiga Jaqueline.

“Pedi a conta”

Além do ramo de alimentação outro que sofreu um baque com a pandemia de covid-19 foi o da beleza. Muitas mulheres que costumavam ir aos salões de beleza deixaram de lado por conta da necessidade do isolamento social. Clínicas de estética sentiram essa mudança de comportamento e infelizmente muitas profissionais tiveram que, literalmente, se virar nos 30.

Foi nessa hora que o lado empreendedor bateu mais forte em Ani Caroline Jeronimo, 27 anos. No último ano de Estética e Cosmética pela Universidade Positivo, ela decidiu largar os benefícios de um emprego com carteira assinada para virar dona de uma clínica de beleza. No entanto, a mudança ocorreu dois meses antes da pandemia do coronavírus. “Pedi demissão em janeiro de 2020 e fique até fevereiro. Poucos dias depois, fechou tudo. Transformei um quarto grande da residência de minha mãe com divisórias para atender a clientela, mas ninguém queria sair de casa com medo do vírus. No primeiro mês, recebi R$ 300 com os procedimentos”, relembra Ani.

lado empreendedor bateu mais forte em Ani Caroline Jeronimo quando a pandemia afetou o setor em que ela trabalhava. Foto: Arquivo Pessoal.

Com o mercado de trabalho fechado, Ani foi atrás de novos conhecimentos e fez cursos que poderiam dar retorno. Foi estudando que percebeu que poderia mostrar trabalho para as clientes que estavam paradas em casa, sem fazer nada e só ganhando calorias. “Comecei a atender na residência dos clientes, mas não foi fácil. As pessoas não queriam receber gente de fora, algo normal. Uma das minhas estratégias foi investir em cursos para reforçar meu trabalho e o alvo foi o redutor de medidas.  Como as pessoas estavam em casa e engordando, muita gente buscou a redução. Em agosto, foi um estouro nos atendimentos”, orgulha-se Ani.

Com a correria nos atendimentos na casa dos outros e também na residência da mãe Rosemeri, o cansaço bateu no fim do ano. Procurou um imóvel e encontrou um espaço no bairro Abranches, que vêm agradando as pessoas que procuram estética corporal e facial, com foco na redução de medidas, depilação, manicure e alongamento de unhas. “Eu sempre sonhei com meu espaço, em ter a minha equipe e hoje, tudo tem se realizado.  É a realização de um sonho, eu não tenho palavras para dizer como eu me sinto.  Além de um sonho, é uma empresa que devolve a melhor versão de cada pessoa que passa por aqui”, diz a proprietária da Estética Aviv.

Serviço

Marmitaria da Ione

Funcionamento: Segunda à Sábado das 11h às 14h

Endereço: Rua Eugênio Flor, 705

Telefone: 99502-7012

Estética Aviv

Endereço: Rua Mateus Leme, 6623, loja 03, Abranches

Funcionamento: Segunda à Sexta das 9h às 20h / aos sábados das 9h às 18h

Telefone: 99786-4567

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