O muro de uma escola municipal de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, foi pichado com a frase “Negros fedidos” e a inscrição “14/88”, de referência nazista – a expressão numérica refere-se às 14 palavras de um dos principais slogans neonazistas e os números oito são alusão à letra “H”, a oitava do alfabeto e que iniciam a saudação “Heil Hitler”. A prefeitura não sabe ao certo quando o conteúdo foi escrito no muro da Escola Municipal Archelau de Almeida Torres, no bairro Jardim Iguaçu. Mas suspeita que tenha sido quarta (17) ou quinta-feira (18) da semana passada.
A Secretaria Municipal de Educação só foi informada do crime sábado (20), quando a mensagem preconceituosa foi apagada. A escola, que está fechada por causa do período de férias, fica em frente ao maior parque da cidade. A Polícia Civil investiga o caso.
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Segundo o superintendente da Delegacia de Araucária, Rosaldo Dias, a Polícia Civil busca gravações das câmeras de segurança ao redor. “Algumas imagens a gente já viu, mas não existe nada. Mas continuamos coletando esse material para tentar chegar a alguma autoria”, afirmou o superintendente.
Nas redes sociais, muitas pessoas compartilharam, revoltadas, as imagens do muro pichado. “Esse muro me dói. Me dói porque não são só palavras, é um sentimento ridículo infundado e mesquinho de alguém que merece toda minha pena”, indigna-se uma internauta que viu a pichação já na sexta-feira (19).
Tanto apologia ao nazismo como racismo são crimes previstos em lei no Brasil. O parágrafo 1º do artigo 20 da Lei 7.716/1989 prevê pena de reclusão de dois a cinco anos para quem “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”.
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O crime de racismo – que atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça – está previsto na Lei n. 7.716/1989, é inafiançável e imprescritível.
Outro caso
O caso ocorre menos de um ano depois de outro caso de racismo em Araucária. Em fevereiro de 2017, uma confeiteira recebeu um embrulho que continha um rolo de papel higiênico, duas bananas e uma carta com a mensagem preconceituosa formada por recortes de revista: “Será que devo chamar vocês de fada dos doces ou dos macacos mulheres preta o lixo que virou lucro [sic]”.
A polícia conseguiu localizar a suspeita – a vítima relatou ter sido alvo de racismo em cinco ataques. O primeiro, em janeiro de 2017, teria sido pessoalmente, quando uma cliente desistiu de contratar os seus serviços por ela ser negra. Um mês depois, um bilhete com bananas foi deixado em frente à casa dela.