Segurança pública

Muralha Digital ou Muralha Social? Comunidade quer mais câmeras nos bairros de Curitiba

Foto: Antônio More / arquivo Gazeta do Povo.

A atuação da Muralha Digital em diferentes bairros de Curitiba é uma reclamação comum entre os Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs). Os representantes dos conselhos apontaram a falta de câmeras em mais bairros na ‘Carta para Curitiba do Futuro’ – projeto colaborativo entre a Tribuna do Paraná e dez Consegs que reúne propostas de melhorias para a cidade e será enviado aos pré-candidatos à Prefeitura de Curitiba.

Entre as reclamações sobre a Muralha Digital, os Consegs sinalizam poucos equipamentos em regiões movimentadas dos bairros; falta de comunicação com o município; e uso pouco explorado do equipamento.

A Muralha Digital é um sistema mantido pela prefeitura que utiliza aproximadamente 1,9 mil câmeras de vigilância que monitoram diversos locais da capital com grande circulação de pessoas. O objetivo é auxiliar na prevenção e combate à criminalidade. Além disso, a Defesa Civil também usa as imagens para prestar socorro à população, em casos de emergências.

Para o Presidente do Conseg Alto Boqueirão, Claudio Rossano Ritser, a Muralha Digital é importante na prevenção. No entanto, ele acredita que a gestão pública deveria conversar mais com os conselhos para compreender quais são os reais problemas dos bairros.

“A nossa sugestão é que o poder público escute os Consegs para que possamos indicar locais que tem a questão de segurança pública envolvida, para que o poder público possa instalar essas câmeras da Muralha, porque isso vai ajudar muito. No Alto Boqueirão tem vários locais que poderiam ser colocadas. Daria resultado na segurança pública, [na diminuição] do tráfico de drogas”, afirma.

Ritser relata que o bairro fez um pedido para a prefeitura para conseguir mais câmeras. Entretanto, de acordo com ele, a solicitação foi negada. “Poderia ser um processo mais conjunto e as informações poderiam ser mais acessíveis”, diz.

Outro Conseg que comenta a situação é o de Santa Felicidade. O Presidente João Parolin explica que algumas regiões do bairro possuem empresas particulares que fazem o monitoramento, já que as câmeras da prefeitura são poucas e concentradas nos restaurantes, um dos pontos mais turísticos da região.

“Temos câmeras de regulação, principalmente na região dos restaurantes. Tem duas, três câmeras. Mas a gente não vê um sucesso efetivo na utilização dessas câmeras. É mais monitoramento. Eles ficam mais como amostra, mais para inibir uma ação diferente na região. Não está sendo usada da forma que poderia”, reclama.

Para ele, uma possível solução seria criar uma política pública mais intensa sobre o uso da Muralha Digital, apostando na tecnologia e em recursos. “Em Santa Felicidade tem umas três, quatro saídas de fuga. Temos duas rodovias que cortam o bairro. Então você tem uma área de escape muito grande. Trabalhando com uma Muralha Digital dá para ter o controle. Poderíamos ter o controle de veículos e placas de veículos que estão entrando e saindo. Já vi acontecer em cidades do interior. Eles sabem quando entra um carro diferente na cidade, conseguem saber se é roubado. A gente pode ter isso também em Santa Felicidade, em vários lugares. Mas é uma questão de vontade do poder público em agir em cima disso também”.

“É um trabalho de formiguinha que tem que envolver todo mundo, a comunidade e o poder público”, acrescenta.

Bom exemplo do vizinho

Vice-presidente do Conseg Prado Velho, Ricardo Hartmann cita como bom exemplo o sistema de monitoramento parecido com o de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Primeiro sistema do sul do país, o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (CIOSP) une dados da Guarda Municipal, Polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal, Detran, Secretaria de Estado da Segurança Pública e Ministério da Justiça.

Segundo a Prefeitura de Campo Largo, após um ano de uso do sistema os roubos e furtos tiveram queda de cerca de 80%.

Além desse exemplo, Hartmann acredita que como é um trabalho intenso que realiza a coleta de muitos dados, seria essencial contar com a ajuda da tecnologia para fazer o reconhecimento de placas e pessoas, por exemplo. “Se Curitiba é cidade tão inteligente, a tecnologia existente em outras administrações municipais do Brasil, e em empresas privadas, deveria estar em pleno uso”.

Quem também confirma que a Muralha Digital deveria ter um olhar mais atento para a segurança pública de Curitiba é Valéria Bassetti Prochmann, Presidente do Conseg Centro Cívico. “É importante que a Muralha Digital sirva à segurança pública – não focada apenas em multa de trânsito”.

Como funciona a atuação da Muralha Digital

Procurada pela reportagem da Tribuna do Paraná, a Prefeitura de Curitiba explicou que a Muralha Digital opera 24 horas por dia e conta com a atuação de guardas municipais e agentes de trânsito. Com relação ao funcionamento, a redução nos índices de criminalidade é de cerca de 40% nos locais monitorados.

“Este sistema abrange locais estratégicos como escolas, praças, parques e terminais de ônibus. É um cerco digital robusto que atua em diversas frentes, como segurança pública e gerenciamento do trânsito, além de auxiliar em situações de emergência, como alagamentos e quedas de árvores, entre outras. O sistema também está integrado aos radares que fiscalizam o trânsito na cidade”.

De acordo com a prefeitura, os locais que recebem as câmeras da Muralha Digital são selecionados com base na circulação de pessoas, dados estatísticos criminais, pontos estratégicos de entrada e saída da cidade, entre outros referenciais que envolvem segurança pública e governança.

Prefeitura não descarta integração com câmeras privadas

Sobre os apontamentos feitos pelos Consegs, a prefeitura confirmou que existe a intenção de expandir a Muralha Digital. “O projeto é implantado por fases e será levado a outras regiões da cidade. Isso inclui a possibilidade futura de integração com câmeras privadas”.

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