Há quatro dias esperando por uma cirurgia no punho quebrado, a diarista Hilda dos Reis Hass, de 62 anos, está passando por um martírio no Hospital do Trabalhador (HT), em Curitiba, desde que foi internada via Sistema Único de Saúde (SUS), na tarde de sexta-feira (19). A família dela reclama do descaso e afirma que Hilda dormiu em uma maca da triagem até o domingo (21), passa o dia todo sem comer por causa da promessa da cirurgia ocorrer a qualquer momento e que os médicos e funcionários repassam o mínimo de informações sobre o caso dela.
Mesmo tendo feito um exame de raio-x ainda na sexta, nem mesmo o real estado da fratura é informado, com a desculpa de que essa avaliação detalhada será feita durante a cirurgia. A diarista se macucou ao cair de cima de uma banqueta, na residência onde trabalhava. Hilda diz que sente dor e está cada vez mais debilitada. Ela seguia internada até a tarde desta terça-feira (23).
Segundo o operário Ildefonso Alves dos Santos, 55 anos, marido de Hilda, a família já não aguenta mais o descaso no HT. “Ela está só no remédio e no soro e não decidem nada sobre a cirurgia. Ficam enrolando ela. Estou sozinho em casa, enquanto ela está sozinha aqui. Nós dois trabalhamos fora e cada vez que venho aqui tenho horas de trabalho descontadas, sem saber se a cirurgia vai ocorrer”, reclama Santos, que afirma não ter sucesso ao tentar conversar com os médicos. “Ninguém me atendeu. Eu queria falar com o médico dela, mas cada hora é um diferente”, explica.
Já Hilda Hass conta que está sem saber quando poderá voltar a trabalhar. E que se sente com pressão baixa ao passar o dia em jejum. “Eu só posso comer quando vem a notícia de que a cirurgia não vai sair. Já são quatro dias desse jeito”, conta a paciente. Para a família, a realização da cirurgia vai permitir que a diarista receba melhores cuidados. “É só isso que eu quero, que ela seja operada. Assim, poderemos ir para casa, onde tem mais gente para nos ajudar a tomar conta dela. É só isso que eu peço”, diz o marido.
O problema enfrentado no Hospital do Trabalhador também deixa indignado o coordenador de produção Reginaldo da Silva Hass, 41 anos, filho da diarista. “Já começou errado. Quando ela pediu ajuda para o Siate, logo após a queda, disseram que a ambulância não poderia prestar atendimento e que ela teria que ir sozinha para o hospital”, reclamou Silva. “Ela estava sozinha, teve que pedir socorro para uma vizinha, em uma panificadora, e inda teve que me esperar chegar por quase uma hora. Só depois disso viemos para o hospital”, contou.
Segundo o filho de Hilda, o Siate foi acionado por volta das 14h, logo após a queda da mãe. “Disseram que é uma fratura complicada. A mãe fez raio-x, mas ainda não sabemos se vai precisar de placas ou pinos. Segundo o médico, o caso tinha certa urgência pela idade da mãe, mas até agora nada”, informa Silva. “Não é possível ela ter ficado na maca até o fim da tarde de domingo e só depois ser transferida para uma ala da pediatria. A gente fica indignado com esses descasos”.
Secretaria
Após a denúncia da reportagem, a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), responsável pelo Hospital do Trabalhador, informou que o adiamento do procedimento de Hilda ocorreu devido a situações de urgência e emergência no hospital. E que a cirurgia da paciente será realizada ainda nesta terça-feira (23). Em nota, a Sesa explicou que Hilda Hass está sendo atendida, medicada e apesar de necessitar de cirurgia, não existe risco de vida.
A Sesa ainda explica que a cirurgia de punho é uma especialidade ortopédica realizada por profissional médico especialista em cirurgia de mão. Esse profissional atua no HT e, no entanto, depende de disponibilidade do centro cirúrgico para realizar o procedimento. Sobre a alimentação da paciente ocorrer somente à noite, no horário da janta, a informação é que o jejum é necessário para que a cirurgia possa ser realizada.
Quanto a transferência para um leito somente no domingo, a Sesa disse que o pronto-socorro do HT tem um setor de internação com macas confortáveis para que os pacientes aguardem a realização dos procedimentos subsequentes ao primeiro atendimento. No caso da diarista, por conta do adiamento da cirurgia em decorrência de sobrecarga de atendimentos de urgência e emergência, a paciente foi posteriormente transferida para um quarto no setor de pediatria, onde havia leito vago. A Sesa ressaltou que Hilda Hass está sendo bem assistida, desde o primeiro momento que deu entrada no pronto-socorro do Hospital do Trabalhador.
Já o Corpo de Bombeiros informou que o Siate recebeu o chamado às 14h06 de sexta-feira, em nome de uma terceira pessoa que se identificou como vizinha da vítima. Por procedimento, as ocorrências passam por uma triagem e a ambulância pode ou não ser encaminhada, dependendo da gravidade da situação. No caso de Hilda Hass, a avaliação do atendimento foi que a diarista tinha capacidade de seguir até o hospital “por seus próprios meios”, uma vez que ela foi capaz de ir até a vizinha para pedir socorro.
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