Bala de borracha

Mulher fica cega de um olho em abordagem e povo se revolta

Um protesto na noite desta quarta-feira (6) teve pelo menos dois carros queimados na Rua Silvio Corazza, na Vila Parque Iguaçu 3, no Ganchinho. O motivo seria uma abordagem policial, que acabou com uma mulher de 49 anos cega de um olho ao levar um tiro de bala de borracha no olho. Segundo os moradores, o tiro foi disparado por policiais militares.

Na tarde de quarta, os moradores já protestavam contra o ocorrido, que aconteceu no último sábado (2). Policiais abordavam arruaceiros no local quando a mulher, que trabalha como diarista, saiu para chamar o filho, que tem necessidades especiais, porque viu que algo estranho estava acontecendo na vila. Ao sair no portão, ela foi atingida e encaminhada ao Hospital Cajuru, onde continua internada.

Os carros queimados, segundo os moradores, eram carcaças de veículos abandonados. Os moradores querem justiça e prometem até fechar a rodovia se nada for feito. Na manhã desta quinta-feira (7), a revolta tomava conta dos vizinhos da diarista, que contaram à reportagem da Tribuna do Paraná que são alvos rotineiros de ações truculentas da Polícia Militar.

“Somos muito mais bem cuidados pelos bandidos, do que pela polícia. Isso que nós temos percebido aqui, porque se algo acontecer na minha casa, um bandido é capaz de sair da casa dele e ir me ajudar, mas a polícia finge que não vê e se vem pra cá, vem para bater na gente”, disse uma moradora que preferiu não ser identificada.

Sobre o dia em que a diarista foi atingida, os moradores apenas se restringiram a dizer que aconteceu durante uma abordagem policial. “Os policiais chegaram, teve confusão, mas ela não tinha nada a ver com a situação, só queria colocar o filho para dentro de casa com medo de que ele fosse atingido”.

De acordo com as pessoas, existem sim usuários e traficantes de drogas na vila, mas nem todos estão envolvidos. Os moradores contaram que sentem medo até de fazer festa em casa, por causa das abordagens policiais, que sempre são agressivas. “Nós não podemos pagar pelo erro de quem é criminoso, até porque, eles não fazem mal para a gente, ficam na deles. Nós precisamos que a polícia venha para acabar com a bandidagem e não para agredir a gente”, desabafou outra moradora, que também não se identificou.

Caso sob investigação

A Polícia Militar, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que existem várias denúncias de tráfico de drogas no local onde aconteceu o episódio noticiado. De acordo com a PM, os uma operação foi feita no sábado e a PM, por causa das denúncias, chegou ao local.

Por causa da operação, muitas pessoas foram abordadas e houve confusão. As pessoas se alteraram e os policiais do 13º Batalhão (BPM) precisaram intervir na situação para dispersar as pessoas. Um adolescente foi apreendido e um homem preso. Os dois estavam juntos quando foi dispensado algo que pode ser droga e foi encaminhado à delegacia para averiguação.

Quanto à suposta agressão à mulher, para descobrir se ela foi atingida pelos policiais ou não, o comando do 13º BPM determinou a abertura de um inquérito policial militar. O procedimento vai apurar o que houve no local e se teve irregularidade na ação policial.

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