Depois de longos meses de preocupação e incertezas com a Covid-19, as pessoas estão retomando os prazeres da vida, graças ao avanço da vacinação e à queda nos índices de contaminação. Com maior liberdade, os planos de viajar passaram a se tornar realidade e os ônibus do transporte rodoviário viraram uma boa opção para pegar a estrada. Economia, segurança e a possibilidade de transportar malas sem custo, vêm deixando a comodidade dos aviões e dos carros em segundo plano.
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No último mês de outubro, o terminal rodoviário de Curitiba apontou um acréscimo de 60% no movimento comparado a 2020. Foram 160.261 embarques e 163.144 desembarques, situação bem diferente da ocorrida no ano passado, quando 2,7 milhões de pessoas passaram pelo terminal, bem menos que as 6,1 milhões de 2019, antes da chegada da covid-19. Esse impacto fez o terminal registrar o menor movimento em 48 anos de história, com redução de 55%.
Mais grana pra passear
Vários fatores explicam a retomada do transporte público rodoviário, mas a questão econômica ajuda a justificar a volta do passageiro para a rodoviária. Com a crescente alta do preço do combustível, os viajantes estão deixando o carro na garagem para utilizar o dinheiro em passeios, hotéis e restaurantes.
Everaldo Fernandes de Sousa, servidor público, 43 anos, é natural de Palhoça, Santa Catarina. Viajou com a família para Curitiba e utilizou o dinheiro da gasolina para conhecer pontos turísticos da capital. “O combustível está muito caro e isso se reflete no dia a dia. Utilizei essa renda para passear e curtir mais dias de descanso. Além disso, não fiquei preocupado com o trânsito e estacionamento”, disse Everaldo.
Outra questão que é colocada na balança por quem vai viajar é quanto ao custo do despacho das malas. Em empresas aéreas que atuam no Brasil, é permitido apenas uma mala com até 10 quilos por passageiro, sem cobrança adicional. Caso venha a ultrapassar esse peso, é cobrado um valor que pode ultrapassar a R$100.
Além da economia, a segurança é outro fator que pesa para quem decide viajar de ônibus, como explica Élcio dos Anjos, administrador da Rodoviária de Curitiba há 11 anos, que reforça que as empresas do transporte regular estão preparadas para atender os todos os usuários.
“Com a alta do combustível e os preços altos da malha aérea, tende a aumentar o nosso serviço diário. Desde o início da pandemia, as empresas do transporte rodoviário regular se prepararam com a sanitização dos ônibus, uso do álcool gel e trouxe tranquilidade aos passageiros. As pessoas têm confiança no transporte”, comenta Élcio.
Para Floripa por menos de R$ 20
E não são só as empresas tradicionais que têm ganhado mais passageiros. Uma nova empresa de ônibus está conquistando espaço pelo preço e serviço, nas rodoviárias do Brasil. Em Curitiba, a startup wemobi disponibiliza trechos para Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP), a preços populares. Para Floripa, a passagem pode ser comprada a R$ 19,90, em um ônibus executivo saindo da plataforma 10 da Rodoviária.
A compra é feita somente pelo site da wemobi e possui os serviços de qualquer outra empresa de transporte. A startup opera com linhas regulares, dentro da legislação e com veículos regulamentados pela Agência Nacional Transporte Terrestre (ANTT). Todos os ônibus possuem a logomarca e pintura da empresa, dois andares (double deck), com padrão de conforto e qualidade. O embarque de passageiros é feito por QR Code ou reconhecimento facial, recurso inédito no segmento rodoviário.
Tatiana de Souza, 41 anos, contadora e moradora de Florianópolis, estava voltando para casa satisfeita com o preço da passagem. “ A gente desconfia, mas procurei entrar em contato com a Wemobi e fui bem atendida. Acho um serviço maravilhoso pelo preço e acessível demais para quem faz essa rota. Estou com várias malas e só paguei R$ 20. Esse preço é quase o que vou pegar da rodoviária de Florianópolis para minha casa”, brincou a contadora.
Na última quarta-feira (24), 29 pessoas embarcaram em Curitiba rumo a Santa Catarina bancando R$ 19,90. “O cliente quer qualidade independente da empresa, mas acredito que esse sistema digital é realidade”, assim definiu Sérgio Silva, motorista do ônibus e profundo conhecedor das estradas, com 26 anos de profissão.