Motoristas que trabalham para o aplicativo Uber fazem, na manhã desta segunda-feira (17), uma homenagem ao colega de trabalho que morreu neste domingo (16), depois de três dias internado. Hudson Lopes dos Santos, de 22 anos, foi baleado durante um assalto no bairro Bacacheri.
“O que nós queremos, diferente da manifestação que fizemos na semana passada, é mostrar para a família que nós estamos com eles, prestar nossa homenagem. Mas também nunca deixando de pedir por mais segurança e paz”, explicou Guilherme Machado, de 29 anos, que é motorista do aplicativo há quatro meses.
Os motoristas se reuniram ao lado do Museu Oscar Niemeyer, no Centro Cívico. Parados em uma única fila, foram colocadas duas fitas, uma preta e uma branca, em cada carro. Eles seguiram em direção ao velório do companheiro de aplicativo. No sepultamento, programado para 16h desta segunda, no Cemitério do Santa Cândida, devem fazer nova homenagem.
Mais segurança
Na sexta-feira (14), com balões brancos nos carros e pedidos de paz escritos nas janelas, os motoristas se mobilizaram e entregaram uma carta no escritório da empresa. O pedido era por mais ações visando a segurança dos motoristas. “O que podemos dizer, é que fomos bem recebidos e já estamos tratando com a empresa para melhorarmos a nossa segurança e a dos passageiros”, considerou Guilherme.
De acordo com o rapaz, o principal medo dos motoristas é da cobrança em dinheiro que o aplicativo começou a oferecer. “Isso não por causa do dinheiro em si, porque nós temos que atender. Mas sim porque acreditamos que o cadastro para esses usuários deveria ser tão rigoroso quanto o que é feito para quem usa o serviço com o cartão de crédito, com dados mais completos e não simplesmente com uma conta de rede social, por exemplo”, explicou o motorista.
A manifestação que fizeram, na semana passada, os ajudou no sentido de sinalizar com a empresa um começo de avaliação para melhorar o rigor no cadastro. Ainda no quesito segurança, em casos de assaltos, os motoristas se limitaram a dizer que são monitorados, que conseguem se rastrear e que essas medidas têm dado certo.
Rixa parece diminuir
Os relatos dos motoristas do Uber são de que, pelo menos no período noturno, taxistas têm aceitado mais lidar com a concorrência nas ruas. “Nós conversamos com eles e fizemos um acordo. Nada assinado e feito em papel, mas nos comprometemos a evitar situações de atrito para que todos possam ganhar e continuar trabalhando”, explicou outro motorista.
Entre as medidas tomadas pelos motoristas que usam o aplicativo, está a de não pegar os passageiros exatamente no mesmo lugar que os taxistas. “Nós combinamos, por exemplo, de pegarmos os passageiros a cerca de 100, 200 metros do ponto onde os táxis estão. Pelo menos assim eles conseguem ter clientes e nós também. Reparamos que as pessoas que querem o nosso serviço não se incomodam e isso tem resolvido”.
Os motoristas do Uber pretendem ainda ter uma nova conversa com os taxistas, mas dessa vez com a intenção de, juntos, protestarem cobrando por mais segurança. “Claro que isso depende deles aceitarem, mas acreditamos que todos querem mais segurança, né? Nós temos que deixar as diferenças, que neste momento são poucas, de lado para pensarmos no coletivo”, defendeu Guilherme Machado.
Uber responde
A Tribuna do Paraná entrou em contato com a Uber que informou, por meio de nota oficial, que trabalha constantemente para aprimorar a questão da segurança tanto para o passageiro quanto para o motorista. Leia trecho da nota:
“A Uber traz oportunidades de melhoria e inovação para a segurança no trânsito das cidades antes, durante e depois de cada viagem. No último mês, anunciamos novos recursos no aplicativo de motoristas parceiros da Uber para ajudar a diminuir esses riscos.”
Segundo a assessoria de imprensa, embora a empresa não possa ser responsabilizada por questões relacionadas a violência urbana existente, a Uber trabalha para melhorar a segurança. Um dos pontos citados que mostra essa preocupação é a avaliação de todas as viagens tanto pelo cliente quanto para o condutor, uma forma de classificar cada viagem e assim poder melhorar o rigor no cadastro.