O adeus ao Vampiro

Morre o escritor curitibano Dalton Trevisan, lenda da literatura brasileira

Imagem que representa Dalton Trevisan, gerada por IA / ChatGPT

O curitibano Dalton Trevisan, um dos maiores escritores do Brasil, que vivia recluso há muitos anos em Curitiba, morreu nesta segunda-feira (9) chuvosa. Dono de um dos textos mais viscerais da literatura brasileira, ele contou como poucos a rotina da noite da capital paranaense, com personagens marcantes, texto rico e personalidade ímpar. Trevisan tinha 99 anos e morreu em casa.

A informação foi listada na lista do serviço de falecimentos de Curitiba. Os dados, como idade, filiação, profissão e cremação apareceram no obituário, mas algum tempo depois a ficha sumiu. O ex-prefeito Gustavo Fruet chegou a comentar sobre o falecimento nos stories do seu Instagram, mas também apagou a postagem.

De acordo com o apurado pela reportagem, o excêntrico escritor teria deixado uma série de recomendações quando a derradeira hora chegasse, o que poderia explicar os desencontros na hora da confirmação de sua morte. A cerimonia de cremação está marcada para esta terça, as 10h, apenas para familiares.

A coluna de Ancelmo Góis trouxe neste domingo a informação de que a Editora Todavia está preparando uma antologia de contos da obras de Dalton Trevisan, com lançamento previsto para ano que vem, quando o escritor completaria 100 anos.

O Vampiro de Curitiba

Dalton Jérson Trevisan, nascido em 14 de junho de 1925, em Curitiba, Paraná, foi um dos mais renomados contistas brasileiros contemporâneos. Formado em Direito pela Faculdade de Direito do Paraná, Trevisan exerceu a advocacia por sete anos antes de se dedicar integralmente à literatura. Conhecido por seu temperamento recluso, ele ganhou o apelido de “Vampiro de Curitiba” após a publicação de seu livro mais famoso, “O Vampiro de Curitiba” (1965) 

A carreira literária de Trevisan começou com a novela “Sonata ao Luar” (1945), mas foi com “Novelas Nada Exemplares” (1959) que ele ganhou reconhecimento nacional, recebendo o Prêmio Jabuti. Seus contos são marcados por uma linguagem concisa e popular, que explora o cotidiano angustiante e sofrido dos habitantes de Curitiba. Entre suas obras mais notáveis estão “Cemitério de Elefantes” (1964), “A Guerra Conjugal” (1969) e “Crimes da Paixão” (1978) 

Trevisan também é conhecido por sua contribuição à revista “Joaquim”, que liderou entre 1946 e 1948. A publicação tornou-se um importante veículo para escritores, críticos e poetas da época, incluindo nomes como Antônio Cândido e Carlos Drummond de Andrade. A revista também trouxe traduções de autores renomados como Marcel Proust e Franz Kafka, e foi ilustrada por artistas como Di Cavalcanti 

Ao longo de sua carreira, Dalton Trevisan recebeu diversos prêmios literários, incluindo o Prêmio Camões em 2012, pelo conjunto de sua obra. Sua escrita, muitas vezes minimalista, continua a influenciar gerações de escritores e leitores, consolidando seu lugar como um mestre da narrativa curta no Brasil

Casa onde Dalton morou até pouco tempo atrás, no Alto da XV. Foto: Atila Alberti / Tribuna do Paraná
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