A boemia curitibana ficou um pouco mais silenciosa nesta semana com o falecimento do garçom Nilson Costa da Silva, de 68 anos. Famoso por estar sempre assobiando, Passarinho — como era conhecido por amigos e clientes — era um dos símbolos do Maneko’s Bar, no Centro de Curitiba, onde trabalhou nos últimos 35 anos. Ele lutava contra um câncer e faleceu na última quarta-feira (3). O enterro será nesta quinta (4) em Matinhos, no Litoral do estado.

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“Ele vivia assobiando e gostava muito de pássaros. Acho que, se deixasse de assobiar, ele perdia o equilíbrio”, relembra Manoel Pereira Alves, o Maneko que dá nome ao bar onde Passarinho passou as últimas três décadas.

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Quando Maneko comprou o estabelecimento em 1984, o garçom já trabalhava lá e trazia consigo o apelido que o eternizou. “Nesse tempo todo o bom humor nunca mudou. Para ele, não tinha tempo ruim”, lembra. Era um humorista, como descreve o patrão e amigo.

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Por causa disso, não faltam histórias sobre o seu estilo. E até mesmo quem nem falava o seu idioma se divertia com o seu jeito extrovertido. “Certa vez, veio um pessoal do Japão aqui e ele começou a fazer graça. Eles não entendiam nada, mas morriam de rir só pelo jeito dele”, conta Maneko.

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Tantas gerações de frequentadores do bar foram atendidas por Passarinho que os clientes o tratavam como alguém da família — a ponto de tomar suas dores em casos de confusão.

O dono do estabelecimento recorda de uma vez que alguém começou a xingar o garçom por causa de uma carteira perdida e os demais clientes logo partiram em defesa do amigo. “Fizeram o homem subir em uma cadeira e pedir desculpas para o Passarinho na frente de todo o bar”.

Todo esse carinho ficou eternizado nas paredes do Maneko’s Bar, onde fotos e reportagens sobre ele estão expostas — o que o enchia de orgulho. Para um garçom que dava show e se tornou símbolo do bar onde trabalhava, era o reconhecimento de uma vida. O motivo de seus assobios, talvez.

“Muitos dos meus clientes frequentam a casa graças a ele. Por isso, sou muito grato”, desabafa Maneko, bastante emocionado. “Eu costumava brincar que eu tinha mais horas de bar com ele do que com a minha mulher. Só que agora, o bar vai ficar vazio, silencioso”, lamenta o dono do bar.

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