Magaléa Mazziotti, Flávio Laginski, Lucas Sarzi, Eduardo Santana e Jadson André
Morreu no hospital, na tarde de ontem, a terceira vítima da queda do avião monomotor que se espatifou no quintal de uma residência na Rua Nicarágua, em Curitiba, um minuto depois de decolar do Aeroporto do Bacacheri, por volta da 13h20 de sábado.
Mounir Saleh Brahim, 48 anos, sofreu severas queimaduras depois que a aeronave foi incendiada. Mesmo assim conseguiu correr alguns metros até ser socorrido na rua. Com as pernas, barriga, braços e parte do tórax queimados, ele ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por cerca de 24 horas, até que não resistiu aos ferimentos.
Apesar de ser um modelo de avião com quase nenhum registro de acidente no Brasil, a queda do Cessna 177, prefixo PT-DLA, matou na hora o piloto, Cleber Luciano Gomes, 32 anos, e o passageiro Sílvio Roberto Romanelli, 51, sobrinho do deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli. Ambos foram carbonizados. Hélio Corrêa, que também estava na aeronave, continua internado em estado grave na UTI do Hospital do Trabalhador, com múltiplas fraturas na coluna, pélvis, tórax e face. Ele chegou consciente ao hospital e foi encaminhada a UTI. De acordo com o último boletim médico, Hélio permanecia estável, mas ainda em estado grave.
Investigações
A suspeita inicial é de que o acidente foi causado por uma falha mecânica. Porém apenas a investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Força Aérea Brasileira (FAB), que começou cinco horas após a queda e só deve ser concluída em três meses, vai precisar o que levou o pequeno avião a cair cerca de um quilômetro da pista de onde decolou. Apesar da explosão e do fogo, os moradores da residência não se feriram.
“A decolagem é um dos momentos mais críticos do voo. Provavelmente foi algo no motor, pois nem deu tempo de qualquer comunicação com a torre de controle, que havia autorizado a decolagem minutos antes”, explicou Marcos Antônio de Santos, tenente coronel do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta II), que participou do isolamento do local. O proprietário do avião, Marcelo Montezuma, alegou que o monomotor tinha condições de voo e que a última revisão aconteceu há cerca de 20 dias.
Para o perito responsável, major Eduardo Fatime Michelin, a conclusão da investigação pode demorar mais tempo. “O relatório final envolve vários procedimentos, entre eles análise de motor e de componentes da aeronave. Dependemos de outros órgãos para cumprir algumas destas etapas”, explicou. A quadra onde ocorreu o acidente ficou bloqueada para o trânsito de veículos até o fim da perícia.
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Suspeita inicial é de que o acidente foi causado por falha mecânica. |
Tragédia poderia ter sido maior
O acidente poderia ter causado ainda mais estragos, já que o avião caiu próximo de um local que vende fogos de artifícios. Parte da asa atingiu uma casa próxima do Moinho Curitibano. Duas mulheres e uma criança estavam na residência, mas ninguém se feriu. A porta da sala pegou fogo e foi bloqueada até a equipe dos bombeiros conseguiu removê-la.
Os corpos de dois dos mortos na tragédia foram sepultados ontem no interior do estado. O piloto Cleber Gomes tinha trazido participantes de um torneio de sinuca para Curitiba e retornava para Londrina. Ele era casado e tinha dois filhos. O corpo foi levado para Rolândia e sepultado por volta das 17h, com a presença de familiares e muitos amigos.
Já o v,elório de Silvio Roberto Romanelli ocorreu em Londrina e o enterro também aconteceu no final da tarde. Parentes de Mounir Brahim, que vieram de Rondônia, liberaram o corpo dele no Instituto Médico-Legal (IML), ainda na noite de ontem.