O juiz Sergio Moro determinou que a Polícia Federal abra um inquérito contra o ex-governador Beto Richa (PSDB) para apurar se houve favorecimento à construtora Odebrecht na licitação da PR-323, na região Noroeste do Paraná. Essa investigação foi assumida por Moro depois que Richa perdeu o foro privilegiado ao deixar o governo do Paraná. As informações são do portal G1, que teve acesso ao despacho sigiloso.
Segundo o site, o juiz deu prazo de 30 dias para que a PF e o Ministério Público Federal (MPF) deem continuidade às investigações.
Em nota encaminhada à reportagem, a defesa do ex-governador informa que existe um recurso pendente de julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra a decisão que determinou a remessa da investigação para a Justiça Federal. A defesa entende que, com o julgamento deste recurso, deverá ser reformada a decisão proferida, determinando a remessa para a Justiça Eleitoral, nos mesmos moldes de decisões de casos similares.
O processo foi enviado ao juiz Sergio Moro pelo ministro Og Fernandes, do STJ, no dia 26 de abril, 20 dias após a renúncia de Richa ao cargo de governador do estado. A decisão atendeu a um pedido do Ministério Público Federal.
O que diz a delação
O suposto favorecimento à Odebrecht na licitação da PR-323 foi delatado pelo executivo Benedicto Junior. Segundo ele, em 2014, um diretor da Odebrecht em Curitiba foi procurado por um empresário, que se apresentou em nome do comitê eleitoral do PSDB do Paraná e solicitou uma doação à campanha de Richa. A demanda foi levada a Benedicto por Luiz Bueno, diretor-superintendente das regiões São Paulo-Sul da Odebrecht, que recebeu autorização para repassar R$ 4 milhões ao tucano. Desse total, teriam sido efetivamente liberados R$ 2,5 milhões para a campanha de Richa.
Em troca, a empresa ainda abateria tal montante do projeto de duplicação da PR-323, rodovia do Noroeste do Paraná.
Áudio vazado
Depois de ter sido enviado à Justiça Federal do Paraná, o caso voltou a ganhar repercussão na sexta-feira (11), quando a revista IstoÉ divulgou um áudio em que o ex-chefe de gabinete de Richa, Deonilson Roldo, tenta dissuadir outra construtora de participar da licitação da PR-323 para supostamente beneficiar a Odebrecht, com que já haveria um acordo firmado.