Um morcego encontrado dentro de um apartamento no bairro Ahú, em Curitiba, no início de maio, foi contaminado pelo vírus da raiva. O diagnóstico foi confirmado nesta terça-feira (16), pela Unidade de Vigilância em Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Segundo o órgão, esse é o terceiro caso em que o vírus foi identificado em morcegos na capital. As situações anteriores ocorreram em março e abril, após capturas no Atuba e Alto da Glória.
Somente neste ano, cerca de 80 morcegos já foram encaminhados para o Laboratório Central do Estado (Lacen) para exames.
De acordo com a Secretaria de Saúde, Curitiba não registra casos de raiva em humanos desde 1975. Em caninos, não são registrados casos desde 1981 e em felinos, desde 2010. Para que o quadro se mantenha assim, a secretaria alerta para cuidados que as pessoas devem ter ao se deparar com um morcego em casa ou no local de trabalho.
“O primeiro passo é ver a possibilidade de colocar um balde ou recipiente em cima do animal para isolá-lo. Se não tiver como fazer isso, o ideal é isolar o cômodo, evitando que pessoas ou animais cheguem perto”, explica o coordenador da Unidade de Vigilância em Zoonoses, Juliano Ribeiro. Depois disso, ensina ele, é preciso informar a Prefeitura sobre a situação pelo 156 para que o caso seja repassado imediatamente à Unidade de Vigilância em Zoonoses. O serviço vai entrar com moradores e enviar uma equipe ao local onde o morcego apareceu.
Alerta
Conforme Ribeiro, é importante não ceder ao impulso de tentar capturar o animal, especialmente se ele estiver em um local onde não seja possível isolá-lo com um balde. Ele salienta que esse tipo de situação pode deixar o bicho agitado e provocar algum contato entre ele e a pessoa. Isso pode ocorrer, por exemplo, através de mordidas.
Qualquer tipo de contato físico com o animal deve ser informado ao 156. A medida é importante porque, como o morcego tem o hábito de se lamber, a saliva do bicho pode ser espalhada. Se essa saliva entrar em contato com alguma lesão na pele de humanos ou outros animais, há o risco de transmissão do vírus da raiva, caso o morcego esteja contaminado.
“Se a pessoa for mordida, ela tem que lavar o ferimento com água e sabão, procurar uma unidade de saúde. O mesmo procedimento para quando é mordida por um cão desconhecido”, informa Ribeiro. Humanos que forem mordidos por um morcego deverão tomar a vacina antirrábica, assim como cachorros e gatos. Esses animais domésticos devem receber o imunizante anualmente, tendo sido expostos ao vírus ou não.
Situação comum
A captura de morcegos em centro urbanos é considerada comum, segundo Ribeiro. “Eles são animais insetívoros, ou seja, comem insetos, e são comuns em todos os centros urbanos, devido ao fato de ter uma grande quantidade de alimento – insetos atraídos pelas luzes – e também por causa de abrigos artificiais, como forro de casas, juntas de dilatação, etc.”, diz o coordenador da Unidade de Vigilância em Zoonoses.
Conforme Ribeiro, quando colônias de morcegos são encontradas em forros de casas, a situação não é preocupante. O problema é quando ele está caído no chão ou parece desorientado. “Todo morcego possui um sistema de ecolocalização. Quando esse sistema é afetado pelo vírus da raiva, o animal pode perder a capacidade de se localizar no ambiente e entrar dentro de uma casa”, explica.
Vacinação
De acordo com a prefeitura de Curitiba, a vacinação contra raiva em cães e gatos pode ser feita de forma gratuita na Unidade de Vigilância de Zoonoses de Curitiba, na Rua Lodovico Kaminski, 1.381, CIC, das 8h às 11h30 e das 13h às 16h30.
Em humanos, só recomendada a vacinação prévia para profissionais da área de saúde ou que trabalham com o manejo de animais.