A calçada em frente ao Ecocidadão – Arepar (Associação de Catadores de Materiais Reciclados Esperança), na rua Eugênio Parolin, no bairro Parolin, em Curitiba, virou uma espécie de “lixão”. A falta de consciência de pessoas que, de madrugada, deixam no local todo tipo de entulho, de móveis usados a vasos sanitários quebrados, tem gerado uma série de conflitos entre a vizinhança. Isso porque muitos moradores da rua acabam culpando os 26 catadores associados de estarem espalhando “aquela sujeira” para fora da unidade de separação de resíduos.
O assessor de grupo da Arepar, Eidimar Gruba Camargo, assegura que a unidade foi instalada há dois anos e sempre trabalhou seguindo todas as normas de procedimento definidas pelo Instituto Pró-Cidadania de Curitiba (IPCC), responsável pelo projeto Ecocidadão. “Dentre as normas está a regra de que os caminhões do SE-PA-RE só podem descarregar a carga na parte interna do barracão, e nós não podemos deixar qualquer resíduo da separação na parte de fora. Isso que fica em frente é trazido por pessoas de fora”, explica Camargo. E a acusação é feita baseada em imagens do circuito de câmeras da própria Ecocidadão.
“As câmeras já flagraram um morador daqui que estava reformando o próprio sobrado, trazendo para a nossa calçada todo o entulho e essa mesma pessoa ainda se considera no direito de dizer que a culpa por essa situação é da presença da Ecocidadão, que além de contribuir para a separação do lixo reciclável na capital, ainda cumpre um papel social de geração de renda para várias famílias, nas 22 unidades do projeto”, defende.
Pelas mãos dos associados da Arepar, em média, são separadas 115 toneladas por mês, garantindo uma renda mensal de aproximadamente R$ 800 a cada trabalhador. “A remuneração é por produtividade, já que todos são autônomos. Tanto que no final do ano, eles estendem a jornada até 22h para garantir um extra, como uma espécie de 13º salário”, comenta.
Moradora do Parolin, a catadora de materiais recicláveis Priscila Ribeiro, 27 anos, dobrou os ganhos com separação do lixo desde que ingressou na Arepar. “Ajudava a minha mãe desde os sete anos e com o projeto melhorou muito a renda, além de entendermos melhor o que dá para ser reutilizado e trabalharmos com calçados apropriados e luvas”, constata.
Cratera
Para agravar o clima de tensão entre vizinhos e catadores na rua Eugênio Parolin, há seis meses, o chão em frente ao Ecocidadão cedeu por conta do pessoal dos caminhões que traz o material para a unidade e formou uma cratera que está comprometendo a tubulação do local. Para tentar minimizar o dano, foi colocada areia no buraco, mas quando chove vira um lamaçal.
Marco André Lima |
---|
O IPCC informou que pode colocar uma placa informando da proibição de se depositar lixo no local. |
Providências
Em nota enviada ao Paraná Online, o Instituto Pro Cidadania (IPCC), que junto com a Secretaria do Meio Ambiente (SMMA), faz a gestão do programa Ecocidadão, explicou que as entregas de material reciclável nos barracões pelos caminhões do SE-PA-RE são administradas pela empresa Estre, que também é responsáve pela coleta do lixo orgânico.
“A retirada deste material depositado erroneamente em frente ao barracão pode ser solucionada entrando em contato com a prefeitura através do 156”, informa. O IPCC se comprometeu a formalizar esta solicita&cced,il;ão e informou que pode colocar uma placa informando da proibição de se depositar lixo no local. O órgão também prometeu verificar o que pode ser feito na entrada do barracão para solucionar o problema de vez e minimizar os transtornos que estão sendo gerados na vizinhança. O IPCC esclarece que as câmeras estão posicionadas em frente ao barracão para proteção do local. O monitoramento é feito por uma empresa de segurança patrimonial.
O IPCC reforça que está à disposição dos moradores do entorno do barracão para eventuais esclarecimentos. Cerca de 600 catadores fazem parte do programa Ecocidadão. Hoje são 21 parques de reciclagem distribuídos por toda Curitiba.