Entre a cruz e o revólver

Moradores do Pilarzinho aterrorizados com a falta de segurança no bairro

Ao chegar em casa, encontrar a porta arrombada e notar que eletrônicos e joias foram levados pelos bandidos, a esposa de N.M. desmaiou. Levada às pressas por ele ao hospital, lá descobriram que a mulher tinha sofrido um acidente vascular cerebral. Isso aconteceu em fevereiro e a mulher está se recuperando das sequelas, mas o caso, para moradores e comerciantes do Pilarzinho, virou um símbolo da insegurança do bairro, que tem sido alvo frequente de arrombamentos e roubos.

Uma prática que tem sido adotada pelos marginais que arrombam as residências no bairro, segundo N.M., é bater palmas no portão para verificar se não tem ninguém em casa. Eles não se intimidam com o movimento nas ruas e têm agido em plena luz do dia. No caso de N.M., dois bandidos chegaram em um HB20, por volta das 11h40, no dia 4 de fevereiro. Um deles desceu, arrombou o portão com uma chave de fenda e tentou entrar na casa pela sacada, mas não conseguiu por causa das trancas. Ainda assim, não desistiu e forçou o vidro da porta com a chave e a arrombou. Em 10 minutos, fez a limpa: levou televisores, notebook, joias e outros pertences.

Família de N.M. está traumatizada com a violência dos bandidos.

Além do prejuízo com os bens furtados, N.M. teve que investir para tentar passar mais tranquilidade à família. Mas, mesmo depois de instalar cercas e câmeras de monitoramento, a insegurança permanece. “Minha esposa ficou traumatizada e não quer mais sair de casa”, comenta.

Comércio

Os bandidos no Pilarzinho não dão prioridade às residências: entre os comerciantes, o medo de assaltos também está disseminado. Em uma das ruas principais do bairro, somente uma das farmácias foi assaltada mais de 10 vezes neste ano. Por medo, muitos funcionários do estabelecimento chegaram a pedir demissão.

Dois roubos por dia

Os criminosos são tão ousados que chegam a praticar dois roubos em lojas diferentes no mesmo dia. “Funciona assim: assalta uma de manhã e volta à tarde para assaltar outra”, relata o funcionário de um comércio da região, que prefere não se identificar. Ele diz que os marginais ficam “cuidando” dos estabelecimentos, muitas vezes “disfarçados” entre passageiros que aguardam no ponto de ônibus. O funcionário afirma que, mesmo ligando para a polícia, os moradores e comerciantes não são atendidos. “A gente liga e não tem ninguém para atender. Esses tempos assaltaram a loja entre 7h e 8h da manhã e, até fechar a loja, à noite, não veio nenhuma viatura”, desabafa.

Outro comerciante do bairro, que também não quis ter o nome divulgado, conta que, embora ainda não tenha sido vítima de assalto, trabalha sempre com receio, em virtude dos relatos da vizinhança. “Eu reduzi minha carga horário de trabalho justamente para evitar esse tipo de coisa. Ficava até às 20h, 21, e agora estou fechando às 19h”. Ele considera que, de um ano para cá, a região se tornou muito mais perigosa e reclamou que praticamente não vê patrulhamento policial. 

Dupla se preparava pra assaltar, mas fugiu ao ver a reportagem.

Resposta

Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informa que o 20º Batalhão da PM tem realizado policiamento pelas ruas do Pilarzinho. Segundo a nota, quando a PM é chamada pra atender uma ocorrência, dá prioridade àquelas que oferecem perigo à vida. A assessoria destaca que neste mês foi iniciado em todo o Estado o Curso de Formação de Soldado, que vai formar mais de do,is mil policiais militares. Depois de formados, eles serão distribuídos nas regiões que mais necessitarem no Paraná todo, incluindo os bairros de Curitiba. 

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