Os denunciantes falam em supostas taxas de ‘retorno‘ nos contratos superfaturados. Notas fiscais seriam emitidas em valores muito acima do que vale o serviço prestado ou objeto comprado. No entanto, as empresas que prestam os serviços receberiam uma quantia menor e o restante ‘voltaria‘ para o bolso de Anderson Teixeira, presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), afirma um advogado que procurou a Tribuna.

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“Se você for ver a prestação de contas do sindicato, parece perfeita. Tudo com nota fiscal. Se um contador for olhar, parece tudo legal. Mas eles se utilizam de diversos mecanismos obscuros para botar a mão em parte deste dinheiro”, contou um sindicalista, que não quer ter o nome divulgado. Segundo os denunciantes, o dinheiro que “retornaria‘ às mãos da diretoria acabaria sendo usado para compras de bens em nomes de “laranjas” e parentes, entre outras formas de ‘camuflar‘ a suposta fraude.

Mas, segundo a promotora Mônica Baggio, do MP-PR, uma perícia contábil é capaz de comprovar tudo isto, mostrar se, o que e quanto foi desviado. Ela revela que a perícia já está sendo providenciada. “O pior disso tudo é que, conforme ficamos sabendo, o Anderson está dizendo a todo mundo que a investigação está arquivada. Isso também é crime”, diz a promotora. O inquérito 55322/2015 é por apropriação indébita, organização criminosa, falsificação de documento público e falsidade ideológica.

Foto: Henry Milleo

Serviços ruins

Há também reclamações no MPT de que o serviço de saúde oferecido pelo Sindimoc é ruim, mesmo as empresas de transporte repassando R$ 53 por funcionário ao sindicato, para que preste o serviço. O MPT também recebeu denúncia de que a cesta básica dada a motoristas e cobradores seria superfarturada, tinha apenas metade dos alimentos que deveriam ser entregues e vários com a validade vencida.

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Segundo depoimentos prestados ao Nurce, as obras da sede campestre da entidade também teriam sido superfaturadas. Conforme os denunciantes, Anderson teria comprado diversos peixes – supostamente pagos com dinheiro do Sindimoc e mediante nota fiscal em nome da entidade – para serem colocados na sede campestre do sindicato, mas teriam sido alocados no lago da chácara particular do presidente.

Segundo fontes ouvidas pela Tribuna, quando a informação veio a público, os peixes rapidamente teriam sumido de lá.

Foto: Gerson Klaina.

“Falsas denúncias”, rebate Sindimoc

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O Sindimoc rebate as denúncias que estão sendo investigadas pelo Nurce.

Confira, na íntegra, a nota enviada à Tribuna:

“As denúncias contidas no Inquérito 55322-2015 são falsas e têm cunho político. Foram feitas por pessoas derrotadas nas eleições sindicais de 2010 e 2014 e ligadas à antiga diretoria do Sindimoc, de 2010, a qual é alvo de ação penal impetrada pelo Ministério Público e acolhida pela 9ª Vara Criminal de Curitiba. Segundo investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que embasa esta ação, entre 2006 e 2010 houve desvio de R$ 8 milhões dos cofres da entidade (Ação Penal 2011.0001201-0).

Lamentável que pessoas processadas judicialmente na esfera criminal por formação de quadrilha, peculato e falso testemunho ocupem, agora, o aparelho do estado com falsas denúncias, por mero interesse político.

O Sindimoc já prestou todas as informações solicitadas pelo Núcleo de Repreensão a Crimes Econômicos (Nurce), tais como as prestações de contas, balanços e balancetes contábeis de 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015, e seus diretores ingressarão com ação judicial individualmente contra todos os responsáveis por injúria, calúnia, difamação e denunciação caluniosa.

Ressaltamos que os autores das falsas denúncias não apresentaram uma prova sequer que embasasse suas acusações. Destacamos ainda o pleno conhecimento dos motoristas e cobradores sobre a falsidade do teor das denúncias de tal Inquérito, o que se evidencia por dois fatos emblemáticos: o alto grau de credibilidade do Sindimoc perante a categoria (que resulta em plena adesão a mobilizações e greves até então inexistentes nesse setor) e a esmagadora vitória eleitoral nos pleitos de 2010 e 2014, quando os denunciantes montaram três chapas e obtiveram 15% dos votos, contra 85% da atual gestão do Sindimoc, em eleições amplamente acompanhadas e fiscalizadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).”