“Um dos sonhos é entrar e ir longe na versão da América Latina do programa Desafio Sob Fogo”, do Canal History. A declaração é do ferreiro Milton Rodrigues, feita em agosto de 2019, para a Tribuna do Paraná. Um anos depois, o morador do bairro Tingui, em Curitiba, recebeu a notícia que foi convidado para participar da edição do Desafio Sob Fogo que vai ao ar em agosto, direto do México. O vencedor da disputa irá faturar 10 mil dólares.
Para concretizar este desejo, Miltão das facas, como é mais conhecido no bairro, teve que passar por algumas etapas para ser selecionado pro Desafio Sob Fogo. O primeiro passo após a inscrição foi confeccionar uma faca e gravar todos os procedimentos para esta produção. Em cinco horas, Milton produziu a faca que seria o passaporte para a entrada no programa com direito a todas as despesas pagas rumo à Cidade do México. “Gastei uma tarde inteira em um domingo para fazer uma faca grande. Foi forjada na marreta e no braço. No vídeo, mostrei a sequência e fiquei confiante que tinha chego a hora, pois no ano passado acabou não dando certo”, explicou o ferreiro.
Após enviar o vídeo, um mês depois tocou o telefone com uma ligação de São Paulo. Uma moça se identificou como produtora do programa avisando que Milton Rodrigues foi selecionado e que iria participar da edição mexicana. “Eu ainda nem acredito, pois acho que sempre pode dar algo errado. A gente fica meio abobado até, né? Uma felicidade sem tamanho e espero chegar às finais. Estou igual uma criança que ganhou um presente, não tem preço. Só de ir ao Desafio Sob Fogo, já é um prêmio, pois são os melhores do Mundo. Lá, se separam os homens dos meninos”, completou Miltão.
A lenda Miltão das facas
A Tribuna do Paraná acompanhou em 2019, o trabalho do Milton Rodrigues, 59 anos, natural de Santa Mariana, Norte Pioneiro do Paraná. O gosto pelas facas veio com um ambiente mais rústico e sem inspiração familiar. O pai era carroceiro e a mãe, do lar. A influência veio do outro lado do planeta com a arte milenar do karatê. As katanas, espadas usadas por Samurais, fizeram a cabeça deste garoto alto e magro do interior.
Com sonho de viver da confecção de facas, Milton fez a primeira ainda no interior. Mas sem experiência e com poucos utensílios para praticar, o objeto não agradou ninguém. A persistência em evoluir e melhorar cada vez mais, fez com que o ferreiro produzisse seus próprios instrumentos. Já em Curitiba, Milton fez a forja, a lixadeira e deu um jeito de comprar a bigorna. A partir daí, surgiu um cuteleiro que começava aos poucos a negociar e ganhar algum dinheiro com a venda, inicialmente em pequenos comércios. Ao longo dos anos, o ferreiro se profissionalizou e atende clientes do Brasil e do exterior. Aprendeu com a vida e agora leva conhecimento para as telas da televisão. Um verdadeiro exemplo de superação e orgulho do bairro Tingui e dos sete filhos.
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