Depois do domingo movimentado no entorno da Superintendência da Polícia Federal, no bairro Santa Cândida, em Curitiba, a programação da vigília “Lula Livre” foi normal na manhã desta segunda-feira (9). Os apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que continuam no bairro garantem que vão manter as atividades do movimento, pelo menos até o próximo dia 16, quando acontece uma “mesa de negociação” para definir a situação da vigília.
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Em conversa por telefone com a reportagem da Tribuna do Paraná, a organização do movimento enfatizou o “clima de resistência” no acampamento e afirmou que, depois das efervescências do fim de semana, mais manifestantes aderiram ao grupo.
“Não sabemos afirmar quantas pessoas exatamente vieram prestar apoio, mas é perceptível que aumentamos de volume”, afirmou a porta-voz da vigília, Neudicleia de Oliveira. Ao todo, a organização do manifesto estima que 300 pessoas participem do movimento.
Agressões e bate-boca
Enquanto representantes da vigília negaram casos de hostilidade durante o protesto realizado no último domingo (8), alguns moradores do bairro Santa Cândida relataram diversos atos de violência ocorridos nas ruas adjacentes à PF por parte dos apoiadores do ex-presidente.
Entre as principais reclamações estão casos de vandalismo e agressões, como a sofrida pelo estofador Leandro Cesar, de 34 anos, que afirmou ter sido hostilizado por manifestantes pró-Lula no momento em que chegava a pé para um churrasco na casa de amigos.
Outra moradora, que não quis ser identificada, relatou a ação de vândalos nas ruas Guilherme Matter e Dr. Barreto Coutinho. “Jogaram pedras, pedaços de telhas e paus em diversas casas da região. As pessoas têm sido ameaçadas e perturbadas reiteradamente. Não existe mais sossego. A gente vive com medo e não sabe quando isso vai ter fim, já que o governo do Estado parece ter esquecido completamente da nossa situação”, afirmou.
“Casos Pontuais”
De acordo com a representante da Central única dos Trabalhadores (CUT) e da Frente Brasil Popular, Regina Cruz, os casos de hostilidade registrados no último domingo foram pontuais e praticados por pessoas alheias ao movimento “Lula Livre”. Por telefone, a dirigente afirmou que grande parte dos moradores da região apoiam a vigília e que, de cerca de 80 residências do entorno da Superintendência da PF, apenas 4 se mostram contrárias aos militantes. “São moradores que já se identificaram e deixaram claro o apoio a Bolsonaro”, disse.
Para quem afirma ter sofrido qualquer agressão, Regina recomenda o registro de boletim de ocorrência e a comprovação, por meio de imagens, dos atos de hostilidade. “Se isso está acontecendo é preciso provar”, afirmou.
Sobre a permanência ou não dos militantes da vigília no local, Regina enfatizou que não há intenção das lideranças de remoção das barracas da rua. Segundo a dirigente, a questão deve ser definida na próxima segunda-feira (16), numa “mesa de negociação” da qual participarão representantes da Prefeitura, Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e porta-vozes da CUT em conjunto com o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
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