Uma entrega cotidiana de correspondência na tarde de segunda-feira (11) terminou com a frustração e susto de um menino autista de 8 anos de idade. Erick, o filho de Dulcilene Silva, 46 anos, estava no jardim brincando com os pássaros, quando foi ofendido por um funcionário dos Correios. “Ele sempre fica ali, pois se sente bem. Fui até a cozinha pegar água para ele, por causa do calor, e nisso ouvi que um homem se aproximou a começou a falar alto”.
Acreditando que fosse algum vizinho, Dulcilene voltou e, ao se aproximar mais, ouviu o homem ofendendo seu filho. Quando chegou perto, o homem subiu numa bicicleta e foi embora. “Aí eu vi que era um carteiro. Ele chamou meu filho de burro e de monte de bosta só porque meu filho não entendeu que ele estava entregando uma correspondência”, desabafou a mãe.
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Depois de ofender o menino, o carteiro deixou a carta na caixa de correio. “Eu fiquei em choque por ver meu filho assustado. Não consegui sequer reagir à situação. Depois, quando percebi o que tinha acontecido, chorei muito. Me fez muito mal pensar no tamanho da maldade de uma pessoa, indiferente de ser autista ou não, esse homem não deveria tratar uma criança dessa forma”.
Postagem denunciou o episódio agressivo
Revoltada com o que aconteceu, Dulcilene fez uma postagem em um grupo do Facebook. “Vi, através da minha postagem, que isso tem se tornado comum. Muita gente disse que já foi maltratada, que já jogaram correspondências ao invés de entregar, já tiveram problemas com carteiros agressivos. Eu só me pergunto o motivo de tudo isso”.
Desacreditando que surtiria algum efeito, Dulcilene não fez uma denúncia formal aos Correios. “O que eu queria de verdade é que esse homem pensasse no que fez e mudasse suas atitudes. Porque não adianta só me chamar para pedir desculpas. As pessoas têm que aprender que não podem tratar as outras como querem, indiferente de ser autista ou não”.
Erick, o menino ofendido, embora tenha se assustado, não entendeu direito o que aconteceu. Para proteger seu filho, a mãe de Erick se sente obrigada a se isolar com seu filho, por medo do preconceito das pessoas. “Ele não fala direito, não se comunica facilmente, então não entendeu o que o homem falou. Mas se assustou. Nós inclusive evitamos que ele tenha muito contato com desconhecidos, porque sei que as pessoas têm preconceito. Esse episódio só mostrou o quanto as pessoas podem ser más”.
Sobre a correspondência que o carteiro queria entregar para a criança, ao invés de deixar na caixa do correio, Dulcilene descobriu que nem para ela o documento era. “Era um cartão de crédito da dona da casa de trás, ou seja, não era para a gente. Se ele entrega nas mãos do Erick e meu filho acaba abrindo, ainda teríamos problemas”, desabafou a mãe.
O que diz os Correios
A reportagem da Tribuna do Paraná entrou em contato com a assessoria de imprensa dos Correios sobre a situação. Em nota, a empresa lamentou o ocorrido e informou que repudia qualquer ação dessa natureza. “Cabe destacar que esse tipo de conduta não condiz com as normas da instituição e não traduz o comportamento de seu quadro de pessoal. Nesses casos, a empresa adota, de imediato, as medidas disciplinares necessárias”.
Segundo os Correios, “o empregado em questão já foi advertido e reorientado. O gestor do centro de distribuição responsável pela entregas na região fará uma visita à senhora Dulcilene, como forma de se desculpar em nome da empresa, detalhando também as medidas adotadas a fim de que essa situação não se repita”.