A briga de gangues no Parolin fez vítimas que nada tem a ver com a guerra pelo poder na favela. No início da tarde de ontem, Rielli Aline Ramos de Oliveira, 4 anos, foi ferida com uma bala perdida no braço. Os tiros seriam direcionados ao primo dela, Wesley Patrick Magali Fernandes, 19, que também levou um tiro no braço. No início da noite, Paulo Sérgio dos Santos, 38 anos, o “Bocão”, o principal suspeito de ter atirado, foi preso por policiais militares do 12.º Batalhão.

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O atentado ocorreu pouco depois das 14h, na Rua Lamenha Lins. Familiares arrumavam uma pequena piscina em frente à casa, quando dois homens numa moto CG escura se aproximaram. A dupla atirou contra Wesley, que estava próximo à criança, e acertou os dois primos. Assustados com a blusinha da menina se encharcando de sangue, familiares colocaram Wesley e Rielli num carro e foram ao hospital. As duas vítimas passam bem.

Operação

Acredita-se que outros criminosos, num Fiesta prata, modelo novo, davam cobertura aos assassinos. O delegado Rubens Recalcatti, da Delegacia de Homicídios (DH), garantiu, no final da tarde, que já tinha cinco suspeitos identificados. Diante da pressão popular, por conta da violência que tomou conta do bairro à tarde (além de Rielli e Wesley, um homem foi baleado no bairro uma hora antes), a Polícia Militar fez uma operação na favela.

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Segundo o soldado Knaipp, eles patrulhavam a região onde poderiam estar os suspeitos e encontraram “Bocão”, que é suspeitos também de homicídios na vila e tem mandado de prisão contra si. Ele foi encaminhado para a Delegacia de Vigilância e Capturas (DVC) e, em seguida, para o Centro de Triagem II, em Piraquara.

Defesa

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Os familiares do preso entraram em contato com o Paraná Online e disseram que ele é inocente, e que têm provas da não participação dele no atentado contra os primos.

Disputa dura quase uma década

A briga pelo poder no Parolin envolve duas gangues – a “De Cima” (ou “Morro do Sabão”) e a “De Baixo” (ou “Cidade de Deus”) e já dura quase 10 anos. Wesley e a inocente Rielli são apenas as vítimas mais recentes desta briga, que já não se sabe mais quantos homicídios resultou em anos anteriores. Em 2010, o Parolin teve 16 homicídios. No ano passado, foram 11 mortes, das quais três delas em dezembro. Uma destas últimas acirrou os ânimos das duas gangues. Foi a morte de Maycon de Almeida, o “Miroca”, suspeito de ser um dos líderes da “Gangue de Cima”, em 21 de dezembro.

Antes disso, a “Gangue de Baixo” assassinou João Doracil Cardoso Júnior, que era segurança de “Miroca”. Mas, de acordo com o delegado Rubens Recalcatti, da Delegacia de Homicídios, foi o assassinato de “Miroca” que levou os dois bandos a se armarem mais e iniciarem uma guerra inconsequente, que já resultou em três mortos e cinco baleados, desde o início de dezembro.

Ocupação é a solução

Para o delegado Rubens Recalcatti, uma das soluções para pôr fim a guerra, é a ocupação da favela pela polícia, para garantir a ordem e dar paz aos moradores.

Uma ocupação nesses moldes já ocorreu em maio de 2005, quando a Secretaria de Segurança Pública organizou uma megaoperação. Cerca de 700 policiais civis e militares, em 200 viaturas, 60 motos e cavalos ocuparam quase todas as esquinas no bairro, 24 horas por dia. Operação semelhante já tinha acontecido, três meses antes, na Vila Torres.

Como percebeu-se que a criminalidade da Vila Torres tinha migrado para o Parolin, a megaoperação também mudou de uma favela a out,ra. Mas durou apenas algumas semanas e logo o efetivo foi para outros bairros onde a segurança ficou vulnerável.

Além da ocupação da favela, Recalcatti reforça que o a comunidade necessita de uma mudança social e cultural.