A canalização do córrego Gava, no Abranches, numa área de preservação ambiental atrás da Ópera de Arame, se transformou numa novela que parece não ter fim. Apesar da placa sinalizando a obra, as dezenas de manilhas que deveriam ser usadas para canalizar o afluente do Rio Belém que passa pela Rua Benedito Correia de Freitas estão abandonadas e empilhadas ao redor do riacho desde o início do ano. A obra, que tinha licença da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), foi embargada pelo Ministério Público (MP-PR), amparado na liminar que proíbe a canalização de rios no Paraná.

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Como se não bastasse, as manilhas se transformaram em esconderijos de assaltantes. Ontem, pela terceira vez, a reportagem do Paraná Online esteve no endereço e constatou que nada avançou desde março. Apenas o mato foi cortado ao redor do riacho. O abandono do tubos de concreto favorece a proliferação de animais causadores de doença. A paralisação também prejudicou a construção do muro nos fundos do Colégio Vicentivo São José. “Temos que terminá-lo para deixar o colégio mais seguro. Mas isso só pode ocorrer com o manilhamento”, lamenta a diretora.

Licença

Segundo a SMMA, a implantação da galeria com tubulação no afluente do Rio Belém, em trecho de 355 metros, foi autorizada em 2010. O trabalho vinha sendo executado através de parceria público-privada. Parte dos custos foi assumida pelo colégio, que dá fundos para a rua. A direção desembolsou na época R$ 97 mil para a compra de manilhas. Outra parte foi adquirida pela igreja budista.

De acordo com a secretaria, a licença venceu em dezembro de 2012, sem que a obra fosse realizada, mas em janeiro deste ano, a atual gestão retomou o projeto, apesar da liminar da Justiça e do protesto de alguns moradores. Assim que os trabalhos recomeçaram, a obra foi interditada pelo MP-PR, que deveria reavaliar a licença. Segundo o MP, o embargo continua.

Canalização divide moradores

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Alguns moradores são contra a canalização para preservar o meio ambiente. Outros defendem a obra e colocaram faixas nas fachadas, alegando que “nossa saúde exige a canalização”. “Sou a favor porque não quero ratos e outros bichos infestando a região. De vez em quando o pessoal se reúne com a prefeitura, mas não temos nenhuma resposta até agora”, afirma o comerciante Seiti Akutsu, morador há cerca de um ano e meio na rua. A prefeitura vem realizando reuniões com a comunidade em busca de solução para o problema, que ainda não foi encontrada.

Enquanto isso, os transtornos causados pela obra são muitos. Moradores sofreram com as chuvas recentes, que causaram deslizamento de terra na rua. Ela ficou mais estreita, dificultando o trânsito. A doméstica Elvazemeide Ricci precisa atravessar a rua para pegar o ônibus e voltar para casa. No final do serviço, combinou com a patroa de sair antes das 17h. Ela nunca foi assaltada, mas soube de várias pessoas que já foram.

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Assaltantes numa moto preta têm atormentado a vizinhança, principalmente mulheres. “Outro dia levaram a bolsa de uma conhecida”, lembra. Como se não bastasse, o bosque Professor Erwin Gröger, inaugurado em 2010, também virou reduto de desocupados. “Costumam usar droga aqui”, afirma a doméstica.