Mais economia e menos poluição no transporte coletivo. Essa é a conclusão dos testes de desempenho do HibriPlug, primeiro ônibus híbrido elétrico em operação na América do Sul. Os resultados superaram as expectativas iniciais.
Nos 62 dias de operação em Curitiba – na linha Juvevê/Água Verde – o ônibus funcionou 55% do tempo no modo totalmente elétrico, consumiu 65% menos combustível do que o modelo convencional a diesel (Euro 3) e 30% menos do que o HibriBus, o híbrido convencional de primeira geração.
Divulgados na tarde de quinta-feira (27) pela Volvo e Urbs, os resultados das análises também mostram que economia de combustível representa impacto significativo na emissão de poluentes.
Na comparação com o modelo a diesel, o HibriPlug emite 55% menos CO2 (dióxido de carbono); 540% menos NOX (óxido de nitrogênio) e 1.500% menos material particulado (fumaça preta). É praticamente o dobro do resultado obtido pelo Hibribus, em circulação há quatro anos em Curitiba. Na comparação com o mesmo convencional a diesel, o HibriBus emite 26% menos CO2; 430% menos NOX e 700% menos material particulado.
Os três ônibus – diesel, híbrido e híbrido elétrico – operam na mesma linha Juvevê/Água Verde, portanto nas mesmas condições de tráfego e número de passageiros. Por dia, os três veículos atendem, em média, 2,2 mil passageiros.
Os testes não têm qualquer custo para o Município, e são realizados numa parceria entre a Volvo, Siemens, Ericsson, Setransp, Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR) e as empresas operadores Redentor, Cidade Sorriso e Glória.
“As análises mostram resultados excelentes”, afirma o presidente da Volvo Bus Latin America, Fabiano Todeschini. Embora a tecnologia ainda seja cara, no longo prazo a redução de gastos com combustível e manutenção torna o custo equivalente ao de um veículo movido a diesel. Ele cita como exemplo a vida útil do novo ônibus. Na frota de Curitiba, o convencional a diesel tem uma vida de dez anos e um ônibus como o HibriPlug, segundo a Urbs, pode ter vida útil de até 12 a 15 anos.
Jornalistas de vários pontos do país que estiveram em Curitiba para conhecer o funcionamento do HibriPlug. Todeschini destacou que empreendimentos como este só são viáveis se houver uma parceria efetiva com o poder público. “É esta parceria, envolvendo gestor público e operadores, como temos aqui em Curitiba, que permite oferecer ao cidadão um transporte cada vez melhor”, afirmou.
A parceria que viabilizou o uso do HibriPlug em Curitiba é resultado de convênio firmado em 2013 pelo prefeito Gustavo Fruet com o governo da Suécia, durante a visita do rei Carl Gustaf e membros da Real Academia Sueca. Voltado ao desenvolvimento tecnológico para soluções em meio ambiente e transporte público, o convênio envolve a administração municipal, iniciativa privada, universidades e institutos de pesquisa de Curitiba e da Suécia.
Eletromobilidade
O HibriPlug faz parte do esforço da cidade na utilização de novas tecnologias para um transporte sustentável do ponto de vista econômico, social e ambiental. O presidente da Urbs, Roberto Gregório da Silva Junior, destacou os avanços da cidade na área da eletromobilidade, ao lembrar o lançamento da primeira PMI interfederativa do país, que permite o estabelecimento de parcerias público-privadas entre municípios.
A cidade já analisa três propostas para implantação de veículos de alta capacidade movidos a eletricidade. “A eletromobilidade representará um salto de qualidade equivalente à implantação, há 40 anos, do sistema Expresso, hoje conhecido como BRT”, afirma Gregório.
Cálculos apresentados pelos técnicos da Volvo dão idéia da importância do investimento. Em um ano de operação, o HibriPlug terá consumido 15 mil litros de combustível a menos do que um ônibus movido a diesel, mesmo operando com apenas uma estação de recarga elétrica. Em valores atuais do diesel, em R$ 3, isso significaria uma economia de R$ 45 mil por ano.
Estes valores podem dobrar se instalada uma estação de recarga a cada dez quilômetros, uma vez que a linha tem 22,5 quilômetros e a recarga, que leva de quatro a seis minutos, garante dez quilômetros no modo 100% elétrico. A outra vantagem do modelo é a operação como híbrido, com motor elétrico do arranque até 20km/h e a partir daí, a diesel.
Além de movido a combustível e eletricidade ou apenas no modo elétrico, o HibriPlug também tem inovações em comunicação que o diferenciam dos demais. Ele é programado, por exemplo, para não ultrapassar 40km/h na Área Calma. No território definido, a velocidade não passa desse limite mesmo que o motorista pise no acelerador.
O mesmo acontece no entorno e entrada dos terminais, onde a velocidade máxima é de 20 km/h. Em áreas de silêncio, como próximo a hospitais, o ônibus funciona automaticamente no modo elétrico, que é silencioso.
Testes
Iniciado em agosto deste ano, o período de testes com o HibrPlug será encerrado no final de janeiro e, a partir daí, serão feitos os estudos para publicação dos resultados finais. Segunda geração de ônibus híbridos produzidos pela Volvo, o Hibriplug ganhou em Curitiba a marca que o identifica como a família dos híbridos na cidade.
Além da operação do HibriBus – uma frota de 30 veículos que atendem quatro linhas convencionais e o Interbairros I – a cidade tem também o HibriPlus, ônibus híbrido articulado, que está sendo testado desde abril deste ano. Como o HibriBus, o articulado híbrido recarrega as baterias nas frenagens, utilizando o motor elétrico do arranque até o limite de 20 km/h.
Além do modo híbrido, a diferença com o HibriPlug é poder rodar apenas com o elétrico, em qualquer velocidade. Com tecnologia plug in, a carga elétrica é feita em estação fixa.