Onde está o menino?

Mãe de João Rafael recebe carta anônima com revelação sobre o filho

Uma década se passou desde o desaparecimento do menino João Rafael Kovalski, ocorrido em 24 de agosto de 2013, no município de Adrianópolis, região metropolitana de Curitiba. João brincava no quintal de casa, seus pais cuidavam dos afazeres domésticos até que sua mãe, Lorena Cristina, na época com 32 anos, sentiu falta do filho. Desde então, a pergunta que não se cala, segue sem resposta: “onde está João?”. Porém, uma carta anônima recebida pela família em 2022 pode ser a pista que faltava para que o caso finalmente seja esclarecido. O que diz a carta? O que ela revela?

A Tribuna do Paraná teve acesso ao conteúdo descrito na carta através da mãe de João Rafael, a orientadora social Lorena Cristina Conceição. O conteúdo é chocante e traz detalhes que deixou Cristina ainda mais assustada e confusa. Afinal, João Rafael está vivo ou não? Teria ele caído no Rio Ribeira naquele dia ou realmente foi sequestrado? Onde estaria João Rafael agora?

Envelope misterioso

A mãe de João Rafael revela que um envelope foi deixado no portão da casa da casa da tia do garoto, que fica próximo à residência da família. Angustiada, Lorena preferiu não abrir a carta, mas ficou sabendo sobre o conteúdo através da irmã e do marido. O envelope traz uma informação que deixa a família arrasada: João Rafael teria sido morto de forma brutal e enterrado próximo a um rio, aos fundos de um terreno pertencente a um empresário da região.

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Sem pensar duas vezes, levaram a carta até a Polícia Civil do Paraná, responsável pelo caso, afim de que exames fossem realizados, na tentativa de descobrir o autor da carta, mas sem sucesso. “Ano passado deixaram um envelope e tinha um monte de coisas escritas sobre o João, escrito à caneta, pedi ao promotor para que me ajudasse, não deu em nada. Fui na Polícia Civil e na Federal, também não deu em nada. O conteúdo entrega o que pode ter sido feito com o João e ninguém faz nada”, comenta a mãe.

Veja o que diz a carta

Olá, senhora. É com muita dor no meu coração que escrevo para a senhora esta triste notícia. Eu não durmo, passo noites em claro, chorando muitas vezes, e já há alguns anos, e agora resolvi por a boca no mundo, eu não aguento mais. Fiquei sem falar pelo risco de vida. Com muita triste digo, não chore mais pelo seu filho. Ele foi pego por um senhor [nome ocultado por questões jurídicas}. Mas algo deu errado e ele foi executado, estrangulado. E está enterrado às margens de um rio nos fundos das casas desse senhor. Ele tem colaboradores e eles sabem onde está os restos mortais do seu filho. Essa é a mais pura verdade sobre o seu filho. Vá na polícia, chame a TV. Não chore mais mãe pelo seu filho. O João não volta mais. Mais um detalhe, ele foi enterrado e envolto em uma manta ou coisa parecida. Eu não posso me revelar, mas tudo isso é a mais pura verdade”.

Suspeitas!

O empresário citado na carta é o mesmo que ficou sob a suspeita de estar envolvido no sequestro do garoto e que chegou a prestar depoimentos à Polícia Civil na época do sumiço de João Rafael. Na época, ele foi liberado sem acusações.

Em nota à Tribuna do Paraná, a PCPR informou que: “Em relação ao empresário, ele foi investigado na época dos fatos e todas as diligências realizadas. Os suspeitos foram denunciados anonimamente e foi verificado que não possuía indícios.”

“Que vida eu tenho?”

Após o aparecimento da carta, o desespero da mãe Lorena e do Pai Lucas só aumentou. Segundo eles, a investigação teria sido arquivado em 2017. Agora os pais questionam o por quê da polícia não fazer nada. “Que vida que eu tenho? Falei para a polícia e disseram que não podem fazer nada. Me sinto impotente, tento correr atrás, mas não posso fazer nada. Gostaria que a promotoria intimasse essas pessoas, é difícil morar no mesmo lugar por tanto tempo e ainda ter que conviver com as pessoas que são suspeitas de terem sequestrado meu filho. Se eu fizer algo sou errada, porque não tenho prova, se eu não faço, dizem que tipo de mãe eu sou?”, desabafa, Lorena.

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Para a mãe, é possível que a pessoa que escreveu a carta conheça a família e more na região e escreveu por não aguentar mais algum tipo de culpa. “Deve me conhecer, aqui é um lugar pequeno, sinto que quem escreveu possa estar sofrendo também e quer contar”, relata.

E aí, Civil?

Questionados sobre o possível arquivamento do caso em 2017, a Polícia Civil negou a informação e reforçou que “segue investigando todos os casos de crianças desaparecidas em aberto. Todas as denúncias e informações recebidas apuradas pela equipe do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride).”

Análises e perícias

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) realizou diversas análises e perícias, tanto na carta quanto no envelope, mas sem resultados. O laudo concluiu que “o documento não apresenta condições técnicas para a pesquisa, devido à falta de nitidez e pontos característicos”. O resultado foi negativo para identificações de impressões digitais.

Caso Federal?

Em contato com a assessoria jurídica da família de João Rafael, foi informado que “sabe-se que, juntamente ao inquérito policial, foi aberto um novo procedimento
investigatório, junto a Polícia Federal do Estado do Paraná, que corre em segredo de justiça, ao qual não foi fornecido acesso a esta procuradora, mesmo já tendo sido requisitada habilitação nos autos”.

A Tribuna do Paraná questionou a PF sobre as investigações retomadas por eles. Em nota: “A Polícia Federal informa que as investigações encontram-se sob sigilo para não comprometer as diligências”.

“Não sabemos o que aconteceu com o João e agora com essa carta, não sei mais o que pensar, o que imaginar, fica martelando na minha cabeça. Parece que ninguém tem interesse em me ajudar. A gente cuida do filho com muito amor e carinho, e de repente, alguém tira de você, ou acontece alguma coisa. O que fizeram com minha criança? O que aconteceu?”, conclui Lorena.

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