A crise de abastecimento de comida, consequência da greve dos caminhoneiros, chegou aos restaurantes de Curitiba. Diversos estabelecimentos já estão preocupados com a situação. A rede de restaurante Madero, por exemplo, já entrou em estado de alerta após alguns produtos já começarem a faltar nos restaurantes. Por causa disso, a empresa não descarta a possibilidade de fechar algumas unidades caso a greve permaneça nos próximos dias. Em outros bares, pode faltar também chope e cerveja.
- ‘Operação de guerra’ garante combustível para ônibus em Curitiba até domingo
- Confusão entre caminhoneiros em posto da BR-376 termina com um esfaqueado
- Postos de combustíveis que abusarem no preço podem ser multados
- Memes sobre greve e falta de combustíveis invadem as redes sociais
De acordo com a empresa, o problema está na impossibilidade de distribuir os produtos que estão em sua fábrica, localizada em Ponta Grossa. Por meio de sua assessoria de imprensa, ela explica que o estoque na fábrica é grande, mas os caminhões não conseguem entrar ou sair do local. Ilhados, eles não fazem a distribuição dos produtos — e quem já começa a sentir isso é o consumidor.
Até o fim da manhã, a rede ainda não tinha um levantamento completo dos produtos que já estavam em falta, mas disse já estar preparada para soltar um comunicado aos clientes sobre o desabastecimento ainda na tarde desta quarta-feira (24) caso a paralisação nas estradas continue. Se os alimentos não saírem das fábricas, alguns restaurantes podem ser fechados já neste fim de semana.
Outros casos
Mas o Madero não é o único a sofrer o impacto da greve. Rafael Justo Rebelato, 37, dono da Hamburgueria Água Verde, teve que tirar os peixes do cardápio. “Temos três fornecedores de peixe do Paraná e Santa Catarina e nenhum deu indicativo de entrega para os próximos dias. Tive que mudar o cardápio. Tirei os peixes e parte da carne de gado. Também tive que mudar o cardápio de frutas e verduras. Essa é a realidade de momento”, afirma.
Além disso, segundo ele, também pode faltar chope e cerveja na capital. Ele conta que pediu seis barris das bebidas para a Ambev, mas a empresa afirmou que não tem como entregar. “Tenho chope até segunda-feira, ou antes, se o movimento aumentar durante o final de semana”, afirmou. O restaurante serve buffet para almoço e lanches à noite e também pode ter alterações no preço. “Encontramos o quilo da cebola roxa, usada nos hambúrgueres, a R$ 18. O preço normal é R$ 5”.
A mesma preocupação tem Ana Lúcia Ribeiro, 35, gerente do Curitibana, na Praça Carlos Gomes. Ela tem reserva até o final de semana e não consegue repor as mercadorias. “Conseguimos fazer os pedidos, mas os fornecedores dizem que não têm previsão de entrega. Todos são do Paraná, mas as estradas bloqueadas interromperam esse fluxo”, afirma. Segundo ela, o preço do gás aumentou na última semana e os novos alimentos devem vir com aumento. “O preço será repassado ao consumidor final, não tem como”, aponta.
Sérgio Luiz Chueh, 42, proprietário do tradicional Restaurante Imperial, no Centro, se programou com antecedência. “Os fornecedores tinham antecipado essa situação e nós optamos por comprar grandes quantidades e deixar no estoque dos próprios fornecedores. Mas estou com problema no peixe. Se continuar, vou ter que tirar do cardápio”, avisa. Segundo ele, o movimento do comércio da região central caiu muito nos últimos dois meses. O restaurante vai reformular o cardápio para ter pratos mais modestos.