Bolsa-fraude

Lista de beneficiários tem três nomes que não constam no inquérito sobre fraudes na UFPR

Foto: Aniele Nascimento

A Polícia Federal investiga a participação de 27 supostos bolsistas da Universidade Federal do Paraná – que foram presos nesta quarta-feira (15) na Operação Research –, mas o número de beneficiários incluídos no esquema pode ser maior.

Há mais três nomes que seguiram os mesmos padrões suspeitos de pagamentos no Portal da Transparência do governo federal. A Gazeta do Povo entrou em contato com essas pessoas, que negaram ter participado de qualquer pesquisa para a UFPR e podem ser vítimas, tendo sido incluídas irregularmente em listas de pagamento.

O nome de José Martins Raphael Mendonça Neto – sobrinho de Conceição Abadia de Abreu Mendonça, apontada pela Polícia Federal como a chefe do esquema de desvios nas bolsas da UFPR – aparece no Portal da Transparência do governo federal como beneficiário de um auxílio a estudante no valor de R$ 800 em abril de 2013. Mas ele nega que tenha recebido valores da Universidade Federal do Paraná.

“Em 2013 eu não estava mexendo com faculdade. A última vez que mexi com essa coisa de universidade foi em 2003, quando fiz um vestibular. Eu não tenho nem ideia [desse depósito]. Esse dinheiro não foi para minha conta, não”, afirmou.

Mendonça Neto, que morou em Goiânia (GO) e hoje reside em Sorocaba (SP), também diz nunca ter vivido em Curitiba. “Nunca morei, [mas posso morar] se me oferecerem um emprego bom, uma bolsa de R$ 800 mil. Uma bolsa de R$ 800 não dá, né.”

Trabalhador do ramo de logística, ele confirmou ser sobrinho da Conceição e disse ter conhecimento do vínculo dela com a UFPR. “É minha tia, mas não [a] vejo muito não. Não tenho relação próxima com nenhum parente, a não ser com meu pai e minha mãe”.

Outros casos

Funcionário da Viação Colombo, Fábio Paulo Conrado diz ter abandonado os bancos escolares na 7.ª série do ensino fundamental. O único vínculo dele com uma instituição de ensino superior foi um curso a distância. “Fiz um curso de Teologia, para formação de pastores. Mas foi um curso a distância lá do Maranhão, que eu pagava R$ 99 por mês”.

Apesar disso, o CPF de Conrado, confirmado por ele, aparece como destinatário de uma bolsa no valor de R$ 1,9 mil em maio de 2013. Ele se assustou com a informação. “Meu Deus do céu. Eu nunca fiz essas ‘coisaradas’. Nem para comprar [qualquer coisa] a gente tem condição”, resumiu. “Tive que parar de estudar para alimentar a família, em um momento difícil. Nunca prestei qualquer serviço para a universidade.”

Quem também afirmou que nunca fez pesquisa para a UFPR foi Ângela Maria de Souza Zampieron. Consta no Portal da Transparência que ela seria beneficiária de pagamentos que somaram R$ 1,3 mil em 2013. Contudo, ao ser procurada pela Gazeta do Povo, ela disse nunca ter recebido o dinheiro nem ter qualquer vínculo com a universidade. Ângela disse que trabalha fazendo cestas de café da manhã.

Após a coletiva de imprensa, a reportagem procurou a Polícia Federal e questionou sobre os três nomes que não constam no inquérito. A PF solicitou as informações sobre os três supostos bolsistas e disse que investigaria o caso.

Forma de pagamento aos beneficiados

A maioria das pessoas investigadas recebeu dois tipos de bolsas – destinadas a estudantes e a pesquisadores – de forma intercalada e em intervalos irregulares.

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