Já faz mais de uma década que o curitibano começou a ouvir falar da Linha Verde. E a obra – que substitui a antiga BR-116, ligando as regiões Norte e Sul – ainda vai ser “assunto” por pelo menos mais 20 anos. É dentro deste prazo que a prefeitura prevê que o trecho esteja consolidado como um “eixo estruturante”. Neste conceito, a Linha Verde superaria a ideia de ser apenas um corredor viário, mas funcionaria como um projeto de desenvolvimento sustentável, que inclui aspectos urbanísticos, alternativas de habitação e outros modais de transporte.
Até lá, no entanto, a capital terá que continuará com as interdições e operários trabalhando ao longo do eixo. Atualmente dois lotes da Linha Verde Norte estão sob intervenção. Outros cinco ainda vão passar pelas obras. O planejamento prevê que o trecho final seja concluído apenas em maio de 2018. Ao final, a infraestrutura física terá consumido R$ 505,4 milhões.
A própria prefeitura, no entanto, já trabalha com a possibilidade de atrasos no cronograma, já que não sabe se o governo federal – responsável pela maior parte da verba dos lotes cujas obras não começaram – vai manter o investimento em dia. Por isso, o município já se mexe para garantir o dinheiro.
“O prefeito está marcando visitas com ministros. A perspectiva é boa, porque, para sair da crise, o Brasil vai precisar pensar em projetos de infraestrutura. E Curitiba tem ótimos projetos aprovados”, apontou o secretário de Planejamento de Curitiba, Fábio Scatolin.
Além do eixo viário
Nas próximas duas décadas, a prefeitura pretende investir R$ 4,7 bilhões ao longo da Linha Verde – dos quais, R$ 1 bilhão devem vir da iniciativa privada e R$ 1,6 bilhões devem ser arrecadados a partir de leilões de potencial construtivo (os Cepacs). O dinheiro será pulverizado em iniciativas que contemplarão áreas distintas.
Na habitação, por exemplo, a prefeitura já tem dois projetos de habitação social – que contemplam famílias com até três salários mínimos. Ao mesmo tempo, a venda de potencial construtivo vai incentivar a implantação de empreendimentos comerciais e residenciais mais “verticais”, como edifícios e complexos empresariais, ao longo do eixo.
Paralelamente, Curitiba espera definir um novo modal de eletromobilidade, com capacidade de transportar 120 mil passageiros por dia. A prefeitura está consultando o mercado – por meio de uma proposta de manifestação de interesse – para definir qual seria o modelo mais adequado à Linha Verde: se um BRT elétrico híbrido ou um Veículo Leve sobre Trilho (VLT). A intenção é de que a proposta escolhida comece a operar logo após do encerramento das obras estruturais.
“A ideia é de que em vinte anos tenhamos um adensamento urbano e de desenvolvimento, em todo o eixo, para que a Linha Verde promova a integração econômica entre os dois lados da antiga BR, de forma sustentável, com um adensamento populacional planejado”, apontou o secretário de Planejamento, Fábio Scatolin.
Da banda larga ao LED
O projeto da Linha Verde ainda contempla outros aspectos urbanísticos e tecnológicos. A prefeitura pretende criar uma infovia – um canal de fibra ótica – saindo do Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná e passando por outras quatro grandes universidades da capital. O mecanismo funcionaria como uma grande rede de banda larga.
No aspecto urbanístico, os postes de iluminação pública devem, pouco a pouco, ganhar lâmpadas de LED – mais econômicas e ecologicamente sustentáveis. O projeto prevê outras intervenções para deixar o eixo mais “bonito”. As ciclovias também estarão ao longo dos 22 quilômetros do trecho.