Ligação com empresário aumenta restrição a prefeito

Na teia de relações políticas do empresário Carlinhos Cachoeira, nenhuma autoridade foi flagrada até agora fazendo negócios com o empresário de forma mais explícita do que o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT).

Dentro de seu partido, o vídeo gravado por Cachoeira em 2004 em que Filho promete “oportunidades” ao empresário foi recebido como uma gota a mais em um balde já transbordando de problemas.

A reportagem teve acesso a um documento que deu início a um processo de expulsão de Filho e de sua mulher, a deputada estadual Solange Duailibe, do partido.

A decisão pela exclusão de Filho do PT, tomada em abril de 2011 pela Executiva Estadual do PT, foi derrubada posteriormente pelas instâncias nacionais da legenda.

O documento que deu origem ao processo é uma carta de um militante petista. Ele pediu à reportagem que seu nome não fosse publicado.

“O sr. Raul Filho está longe de ser o primor em termos de referência em uso do patrimônio público”, diz a carta, com críticas ao comportamento de Filho no partido.

O documento faz referência a obras que teriam sido feitas pelo Estado, à época controlado pelo peemedebista Marcelo Miranda, em uma fazenda de Filho no município de Ponte Alta.

“Ele não tem medida na sua ambição pessoal, não observa nada, não respeita o estatuto, não respeita o Código de Ética, não respeita as pessoas, não respeita nada nem ninguém, ele é o centro”, diz.

O presidente do partido no Tocantins, Donizeti Nogueira, um dos desafetos de Filho, diz que a expulsão dele deveu-se a desrespeito a orientações partidárias, quando o prefeito decidiu apoiar, em 2010, a candidatura de um adversário histórico do PT.

Filho não quis dar entrevista. Ele afirmou, por meio de sua assessoria, que nada falaria até seu depoimento na CPI do Cachoeira, marcado para a próxima terça-feira.

Sua origem política também ajuda a explicar a restrição a Filho dentro do partido.

Em 1982, com 22 anos, Raul Filho se elegeu prefeito de Araguaçu (GO), pelo PDS, herdeiro da Arena, o partido que deu sustentação à ditadura militar (1964-1985).

Entre os anos 80 e 90, passou por PFL, PSDB e PPS antes de ingressar no PT, em 2003, após a eleição de Lula.

Donizeti Nogueira também não quis falar sobre o envolvimento do prefeito com Carlinhos Cachoeira. Disse que sua posição estava manifesta em nota na qual ficou definido que o prefeito deveria prestar esclarecimentos ao PT sobre vídeo em que aparece com Cachoeira.

Na quinta passada, na sede do diretório do partido em Palmas, três militantes conversavam sobre o vídeo e especulavam sobre a existência de outras gravações. “Parece que ele [Cachoeira] tem uma videoteca contra o Filho”, disse um deles.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna