Cerca de 200 pessoas poderão assistir às sessões do júri popular do ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho, marcadas para os dias 27 e 28 de fevereiro. Réu por duplo homicídio com dolo eventual, Carli Filho será julgado na 2ª Vara Privativa do Tribunal do Júri, localizada no Centro Cívico, em Curitiba. O Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) vai recorrer à distribuição de senhas entre os interessados em acompanhar o julgamento.
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Por meio de nota divulgada em seu site, o TJ-PR informou que as “aproximadamente 200 senhas aos interessados” serão distribuídas a partir das 13h30 de 23 de fevereiro, sexta-feira.
Os interessados devem procurar a 2ª Vara Privativa do Tribunal do Júri e o critério para seleção é por ordem de chegada. O TJ-PR explica ainda que a distribuição de senhas se deve à “limitação de lugares dentro da sala de sessões” e acrescenta que “a sessão de julgamento é pública, portanto qualquer pessoa está apta a assistir ao júri”.
O TJ-PR destacou que as pessoas não poderão entrar com materiais que possam vir a influenciar a decisão dos jurados – como camisetas, faixas, adesivos ou adereços com quaisquer mensagens ou imagens relacionadas ao caso julgado. “Quem comparecer com este tipo de material será proibido de acompanhar o julgamento”, ressaltou o informativo do Tribunal.
Imprensa começa a ser credenciada
Enquanto isso, o TJ-PR já começou a cadastrar os profissionais de imprensa que farão a cobertura do julgamento. Serão disponibilizados um total de 25 lugares aos jornalistas e fotógrafos, que poderão acompanhar o julgamento. Tanto os profissionais de imprensa como os demais cidadãos que acompanharem o júri só poderão captar imagens ou áudio antes do início das sessões.
Entenda o caso
A 1ª Câmara Criminal do TJ-PR manteve o julgamento de Carli Filho, decisão proferida no último dia 8 de fevereiro. O colegiado negou um pedido de desaforamento de júri – transferência do julgamento para outra comarca – que havia sido apresentado pela defesa. Os advogados alegavam que a “comoção social” existente na sociedade curitibana poderia macular a isenção dos jurados.
Carli Filho será julgado por duplo homicídio com dolo eventual. Em 7 de maio de 2009, ele dirigia um carro que Passat contra a lateral de um Honda Fit, em que trafegavam Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida. Os dois jovens morreram no instante da colisão. O ex-deputado chegou a ficar hospitalizado, em estado grave.
Um exame feito a partir de material colhido no hospital em que ele foi atendido apontou que o então deputado estava embriagado – tinha 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue: quatro vezes mais que o permitido. O resultado, no entanto, foi desconsiderado como prova pela Justiça porque Carli Filho estava desacordado no instante em que o exame foi feito.
Além disso, laudos do Instituto de Criminalística comprovaram que, no instante da colisão, o Passat dirigido por Carli Filho estava a uma velocidade entre 161 km/h e 173 km/h. O ex-deputado também estava com a carteira de habilitação vencida e sequer poderia estar dirigindo.
A defesa do réu tem apostado na tese de que a culpa pela colisão é dos jovens mortos. Segundo os advogados de Carli, o Honda Fit não respeitou a preferencial – que era a via por onde o carro do ex-deputado trafegava. No instante da colisão, o semáforo estava desligado.
Em fevereiro de 2014, a 1.ª Câmara Criminal do TJ-PR entendeu que havia indícios de que Carli Filho assumiu o risco de matar ao dirigir em alta velocidade e depois de ingerir bebida alcoólica.
Em maio de 2016, em mais um capítulo polêmico dessa história, Carli Filho divulgou um vídeo pedindo perdão às mães dos jovens mortos. Em resposta, Chistiane Yared reagiu imediatamente, dizendo que o ex-deputado estava “sete anos atrasado para o enterro” do filho dela e que não percebeu sinceridade no pedido de perdão.