Preocupados com o que pode acontecer com a reforma trabalhista, jovens aprendizes saíram às ruas nesta segunda-feira (24), dia que se comemora o dia Internacional do Aprendiz. “Nós tememos que, com essas mudanças todas, nossos empregos e dos futuros aprendizes sejam excluídos das empresas”, comentou o jovem Daniel Ferreira, de 20 anos.
Caminhando da Praça Osório até a Praça Santos Andrade, no Centro de Curitiba, os cerca de 200 jovens seguravam cartazes com posicionamentos contrários à reforma trabalhista. Eles também gritavam frases de defesa à aprendizagem.
Segundo o educador Dennis Barbosa, a intenção era também comemorar o dia do aprendiz. “Mas mostrar que estamos preocupados com o que tem acontecido em Brasília e fazer com que as pessoas, os empresários, entendam que o aprendiz é o futuro da nação. Porque o aprendiz, além de tudo, também é um movimentador no comercio, na família. Exerce sua função nas empresas aprendendo”.
O que pode mudar?
A reforma trabalhista sugere, entre outras propostas, permitir que as empresas possam, por acordo coletivo de trabalho, excluir funções da base de cálculo para a definição da cota de menores aprendizes. Atualmente, a legislação define que o número deve ser de 5% a 15% do total de empregados. “Isso pode fazer com que os aprendizes sejam extintos ou, ainda, que o número de trabalhadores diminua”, considerou o educador.
Conforme avaliação de Dennis Barbosa, as turmas da área
de produção podem ser as mais afetadas. “Se forem aprovadas as propostas, as grandes indústrias não vão mais precisar mantê-los. Por isso a gente se preocupa com o futuro destes jovens e também com tudo o que a reforma trabalhista pode trazer de malefícios”.
“Estamos em risco”
Os jovens da manifestação fazem parte da Geração de Emprego e Renda e Apoio ao Desenvolvimento Regional (Gerar), uma Organização Social que tem um processo de trabalho voltado aos jovens aprendizes. “Se a terceirização for aprovada, isso vai causar a falta de inclusão dos jovens no mercado de trabalho. Isso, pra nós, será ruim. Principalmente hoje em dia, quando as empresas buscam experiência maior”, defendeu o estudante Daniel Ferreira.
Além de trabalhar quatro dias por semana, os cerca de 3 mil aprendizes que fazem parte da Gerar também passam um dia na organização, aprendendo um tipo de curso destinado à função que ocupa na empresa. “Por isso, o programa de aprendizagem é um meio eficaz de o jovem ser incluso no mercado de trabalho. Hoje eu estou trabalhando, mas amanhã eu já não sei. A gente precisa rever essa situação, porque se não, estamos em risco”.