Os depoimentos do homem preso acusado de matar o jornalista cinematográfico Anderson Leandro da Silva, 38, em Quatro Barras, e da esposa dele, uma garota de 16 anos, que foi apreendida por coautoria no crime, esclareceram muitas dúvidas sobre como, um ano depois do relacionamento da vítima com a adolescente, o homicídio foi executado.

continua após a publicidade

Henrique Wesley de Oliveira Woiski, 20 anos, é um homem alto, forte, inteligente, mas passou por tratamentos psiquiátricos nas várias vezes que teve surtos de esquizofrenia, segundo relatos da adolescente.

Ela conheceu Anderson quando foi abordada por ele, que se dizia perdido em uma rua do Sítio Cercado, e teve um relacionamento com o jornalista que acabou em outubro do ano passado, mesmo período em que envolveu-se com Henrique.

A garota garante que contou a Henrique sobre Anderson. Já Henrique, no depoimento, revelou que só soube do relacionamento antigo da garota no dia em que executou o crime.

continua após a publicidade

Em seu perfil em uma rede social, no primeiro dia deste mês, o rapaz postou uma foto do personagem Coringa do filme ‘Batman, o Cavaleiro das Trevas‘ com os dizeres ‘Nunca confunda silêncio com fraqueza. Ninguém planeja um assassinato em voz alta!‘. O perfil foi retirado do ar no início da tarde de hoje (19).

Em depoimento, Henrique chamou Anderson de pedófilo e relatou que sentia muita raiva por ter sido traído logo no início do relacionamento com a esposa. Ele deu a entender que Anderson ainda procurava a adolescente, mesmo com as declarações da garota de que há um ano não falava com o jornalista.

continua após a publicidade

Henrique e a esposa tem um filho de apenas dez dias, que agora vive com os avós paternos. A garota não mantinha contato frequente com os pais desde que engravidou e foi morar com Henrique, em Quatro Barras.

O crime

Na manhã do dia 10, Henrique mandou a adolescente ligar para Anderson e marcar um encontro. Em depoimento, ela disse que não conseguia dizer não para o marido, portanto o fez, mesmo sabendo que Henrique tinha a intenção de cometer um homicídio. Às 11h40, da residência do casal, ela ligou para o celular de Anderson e a conversa durou cinco minutos.

O jornalista disse para o filho que faria um trabalho em Quatro Barras, e saiu para encontrar-se com a garota em uma praça da cidade. Insinuando que queria ‘matar as saudades‘ e ficar a sós com Anderson, ela pediu que ele dirigisse até uma estrada de terra, perto de uma pedreira.

O local fica a um quilômetro da residência onde ela vivia com Henrique, que já estava escondido em um matagal, aguardando a chegada da esposa e da vítima.
Assim que Anderson estacionou a Kangoo, Henrique se aproximou perguntando por um pedreiro.

Durante a conversa ele tirou a vítima do carro, deu um golpe com o cotovelo, e assim que Anderson caiu ao chão foi atingido por vários golpes de uma faca de cozinha. Henrique, ao retirar a faca coberta de sangue, cravada no corpo da vítima, cortou a palma da mão.

A adolescente testemunhou o crime e apenas virou o rosto durante as facadas. Ela ajudou a puxar o corpo de Anderson para uma vala, a cinco metros da estrada.

A Kangoo foi abandonada dentro de um matagal que fica um nível acima da rua, três quilômetros adiante. O veículo e o corpo só foram encontrados na tarde de quinta-feira porque Henrique levou a polícia até lá.

O acusado revelou que levou a faca utilizada no crime de volta para sua casa e que destruiu o celular da vítima, e nenhum dos dois objetos foram encontrados pela polícia.

Prisão

Segundo a família, Henrique teve surtos psicóticos no dia seguinte ao crime e tentou internamento no Hospital Bom Retiro, mas devido ao ferimento que tinha na mão, não foi aceito como paciente.

Depois de fazer o curativo e ser medicado em outra casa de saúde, ele retornou ao hospital psiquiátrico no dia 14, quando finalmente foi internado. Lá ele foi preso.

Henrique foi transferido para o Complexo Médico Penal, depois de ser ouvido e de indicar, pessoalmente, o local do crime. A adolescente ficará apreendida por 45 dias, à disposição da Vara da Infância e da Juventude.