Em outubro de 2024 acontece a eleição municipal que irá decidir o novo prefeito, vice-prefeito e os vereadores de Curitiba. Por conta do ano eleitoral, já começam a surgir mudanças nos partidos políticos e burburinhos com nomes de possíveis candidatos.

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Entre as diversas figuras que aparecem, é bastante comum encontrar jornalistas nessa lista. A Câmara Municipal de Curitiba (CMC), por exemplo, conta com seis vereadores que já atuaram como jornalistas anteriormente e que foram eleitos em 2020. São eles: Tito Zeglin (MDB), Herivelto Oliveira (Cidadania), Denian Couto (Pode), Marcelo Fachinello (Pode), Marcio Barros (PSD) e Leonidas Dias (Pode).

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Em um cenário mais atual na capital paranaense, outros dois jornalistas confirmaram filiações partidárias. O caso mais recente foi jornalista e apresentador Jasson Goulart, que na última sexta-feira (05) publicou um vídeo nas redes sociais anunciando oficialmente o ingresso no Republicanos, mesmo partido de Eduardo Pimentel.

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Goulart, que já passou pela RPC, deixou recentemente a apresentação do Balanço Geral, na RIC. Apesar de ingressar no meio político, o futuro do jornalista nas eleições deste ano ainda não foi anunciado.

Quem também promete estar na disputa das eleições neste ano é a jornalista Cristina Graeml. A colunista e comentarista do jornal Gazeta do Povo foi anunciada em janeiro deste ano como pré-candidata a prefeita de Curitiba pelo Por Mais Brasil (PMB).

Jornalistas são fortes candidatos para o pleito? O que diz o quadro de vereadores eleitos em 2020

Para o cientista político Másimo Della Justina a presença comum de jornalistas no meio político pode estar relacionada com algumas características que os profissionais possuem. O especialista destaca três “vantagens competitivas” desse grupo. A primeira é a habilidade que o profissional adquire na profissão, como escrita, retórica e bom raciocínio.

“Uma segunda qualidade que eu vejo que o jornalista pode explorar é que ele é um conhecedor da cidade, dos tópicos que interessam a população. Ao fazer matérias para os meios de comunicação, eles circulam a cidade e são bem conhecedores de todas as áreas, dos bairros mais desenvolvidos e dos menos desenvolvidos, de maneira que não falta uma pauta para transformar essa pauta em votos”, comenta Justina.

Já o terceiro ponto apresentado pelo cientista político é o fato do jornalista se tornar conhecido por conta de estar em um meio de comunicação. “Já tem um palco, no sentido positivo da palavra, basta de forma inteligente e comprometida transformar esse conhecimento em voto”, acrescenta.

Mas será que o fato de já serem conhecidos faz com que os jornalistas tenham mais votos? Tomando como exemplo os seis jornalistas eleitos vereadores em 2020, é possível notar que a quantidade de votos não segue um padrão específico. Enquanto Denian Couto (Pode) foi o oitavo vereador mais votado, com 7.005 votos, Leonidas Dias (Pode) aparece em penúltimo na lista, com 2.704 votos.

Confira a tabela que mostra o número de votos e a colocação desses seis vereadores entre os 38 lugares da CMC:

VEREADORVOTOSPARTIDO POLÍTICOCOLOCAÇÃO NA LISTA GERALMANDATO
Denian Couto7.005Podemos
Herivelto Oliveira6.441Cidadania10º
Marcelo Fachinello5.326Eleito pelo PSC. Migrou para o Podemos15º
Tito Zeglin4.747Eleito pelo PDT. Migrou para o MDB19º
Marcio Barros3.946PSD31º
Leonidas Dias2.704Eleito pelo Solidariedade. Migrou para o Podemos37º

Por outro lado, embora existam os pontos que podem ajudar os jornalistas com votos, Justina também aponta que esse grupo pode ter alguns desafios quando eleito. “Uma vez eleito, ele também está na vitrine para os próprios colegas, que exercendo a sua profissão vão ficar mais atentos a tudo o que esse jornalista eleito faz. Digamos assim, suas posições, seu alinhamento político, o que ele propõe. De maneira que esse desafio de estar na vitrine teria que mostrar serviço, uma certa coerência. Porque assim como foi beneficiado por ser conhecido antes, isso transforma também em um vaso de cristal para quem possa ficar atento à maneira de como a pessoa está exercendo o cargo”, explica o especialista.

“Se não fizer bem feito e não mostrar serviço pode ser a primeira vez e a última e, ao fazer isso, pode desincentivar a população a votar em jornalistas. Então ao mesmo tempo que pode abrir caminhos para si e para outros, também recai sobre os ombros essa responsabilidade de ser mais vitrine do que os outros que foram eleitos”, completa.

Além disso, utilizar figuras conhecidas no meio político pode ser uma intenção do próprio partido, que tem o objetivo de chamar, atrair eleitores. “Acho que os partidos políticos são suficientemente inteligentes para usar pessoas dessa natureza porque eles são chamadores de votos. Chamadores de votos talvez até para eleger outra pessoa [do partido]”, afirma Justina.

Qual a posição política dos jornalistas eleitos?

Para o especialista, independente do partido escolhido, os candidatos jornalistas se comportam de forma mais analítica, podendo, inclusive, adotar a estratégia de se colocar como oposição de uma gestão atual.

“Também é natural que em uma cidade que está sendo governada de forma suficiente para o prefeito se reeleger ou eleger seu sucessor, seria natural também que o jornalista divulgue esses feitos do prefeito e não, necessariamente, seja da oposição”, comenta o cientista político.

Justina também lembra que é comum ver representantes de sindicato, de igrejas, da área da educação e do setor de esportes na lista de candidatos, justamente por possuírem maior visibilidade. “São pessoas que pelo fato de serem conhecidas e já terem uma penetração nos lares fica mais fácil o eleitor guardar, inclusive, o nome.”

Em um contexto geral, os jornalistas eleitos como vereadores em 2020 estão em partidos que seguem uma linha mais central, que inclusive se colocam como alternativas que visam o progresso, o diálogo e a defesa da democracia, como o Cidadania, Podemos e MDB. Já o PMB se declara como um partido conservador e de direita.

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