Reclamação geral

Índios ocupam prédio no centro de Curitiba pedindo a troca de dirigente indígena

Os manifestantes reclamam das condicoes precarias de saúde nas aldeias e reivindicam a saida da gestora dos assuntos indigenas. Foto: Átila Alberti

Cerca de 100 índios de aldeias do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro realizam uma ocupação no prédio do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), localizado na Rua Cândido Lopes, Centro de Curitiba. Os indígenas chegaram ao local na semana passada e ocupam o auditório do edifício apresentando diversas reclamações a respeito do trabalho realizado pela entidade.

Os manifestantes reclamam das condicoes precarias de saúde nas aldeias e reivindicam a saida da gestora dos assuntos indigenas.
Cacique Darã. Foto: Átila Alberti

De acordo com o cacique Darã, da cidade paulista Itaporanga, o grupo solicita a mudança na gestão do distrito e pede mais atenção às aldeias dos cinco estados coordenados pela instituição. “Essa gestão não está fazendo boas ações dentro da comunidade, não respeita as lideranças, os caciques e a comunidade. Também bloquearam os cartões das viaturas que dão atendimento médico dentro das terras indígenas e que levam o povo para consultas médicas”, informa.

Os manifestantes reclamam das condicoes precarias de saúde nas aldeias e reivindicam a saida da gestora dos assuntos indigenas.
Cacique Catarina. Foto: Átila Alberti

Assim como ele, a cacique Catarina Delfina dos Santos, de Peruíbe, em São Paulo, também reclama das condições de saúde. “Todas as aldeias do litoral sul estão precisando de ajuda porque não tem ido praticamente nada nos últimos dois anos. Faltam remédios e precisamos mesmo de saneamento básico porque o que foi feito no passado está estragado, as fossas estão arrebentadas. Não peço por mim, mas pelas crianças que moram na comunidade. Por isso, quero que seja colocado como gestor alguém que conheça nossa realidade e nossa cultura”, solicita a cacique de 66 anos.

Para conseguir as mudanças, ela e os indígenas tentaram conversar com a equipe do distrito, mas afirmam que não foram ouvidos. “Eles fecharam as portas, mas não foi por nossa causa porque aqui está livre pra eles trabalharem”, informa Darã.

Os manifestantes reclamam das condicoes precarias de saúde nas aldeias e reivindicam a saida da gestora dos assuntos indigenas.
Os manifestantes reclamam das condições precárias de saúde nas aldeias e reivindicam a saída da gestora dos assuntos indígenas.

Ainda segundo ele, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) é a responsável pela mudança nas coordenações e, para chegar até a entidade, o grupo buscou o ministro da saúde. “Como o ministro Ricardo Barros estava em Foz do Iguaçu aqui no Paraná, nós ligamos pra ele e no domingo (27) sentamos a partir das 9h30 na Assembleia Legislativa. Lá, nós protocolamos documento, e ele falou que ia tomar posição”, afirma o cacique, que promete permanecer no prédio até que a gestão do distrito seja alterada.

O Ministério responde

De acordo com o Ministério da Saúde, o ministro Ricardo Barros já ouviu a situação e está analisando as reivindicações apresentadas pelos indígenas ocupantes da sede do DSEI Litoral Sul, localizado no Paraná.

“Recentemente, o ministro se reuniu, em Brasília, com os presidentes dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena (Condisi) do país. Na ocasião, foi criado grupo de trabalho para discutir as propostas apontadas pelos indígenas. Além da criação do grupo de trabalho, o documento prevê a realização de seminários nas cinco regiões do país, a fim de discutir a força de trabalho da saúde indígena”, informou o Ministério, em nota.

No entanto, a instituição afirma que não há previsão de mudanças na gestão do distrito, como pedem os indígenas que ocupam a sede do Distrito Litoral Sul, no Centro de Curitiba. “Até a elaboração do novo modelo de gestão, ficam prorrogados até dezembro de 2017 os contratos com as entidades conveniadas, que atualmente são responsáveis pelas contratações dos trabalhadores da área”, finaliza.

Os manifestantes reclamam das condicoes precarias de saúde nas aldeias e reivindicam a saida da gestora dos assuntos indigenas.
Os manifestantes reclamam das condições precárias de saúde nas aldeias e reivindicam a saída da gestora dos assuntos indígenas.
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