Começou o processo de reconstrução das 14 casas destruídas na noite de sexta-feira (17/11), por um incêndio na Vila Parolin que deixou 56 pessoas desalojadas, entre adultos e crianças. As equipes da limpeza pública da Secretaria Municipal do Meio Ambiente trabalharam ao longo de toda esta segunda-feira (20/11), para retirar os entulhos, limpar e preparar a área para permitir a reconstrução das casas. Funcionários da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) permaneceram no local cadastrando os moradores para receber kits doados pela Fundação de Ação Social (FAS) para a reconstrução das casas.
No Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Parolin, as famílias receberam doações de roupas, alimentos, utensílios, colchões e roupas de cama. As equipes trabalham em ritmo acelerado para liberar o quanto antes o terreno para a reconstrução das casas. A maior dificuldade é o acesso. A área atingida fica no alto de um beco, entre as ruas Chanceler Lauro Muller e Padre Isaías, onde não é possível chegar com máquinas e a limpeza está sendo feita manualmente.
O presidente da Cohab, José Lupion Neto, acompanhou os serviços junto com o administrador regional do Portão, Gerson Gunha, e ressaltou que, em função do perfil das famílias – muito carentes, envolvidas com a reciclagem de lixo e sem cadastro em projetos de reassentamento do município – a estratégia adotada e definida em parceria com a liderança comunitária da região foi a de atender emergencialmente com doação de kits de materiais para que os moradores possam reconstruir as casas no local, já a partir desta terça-feira (21/11).
Os kits contêm materiais para construir com rapidez uma casa de aproximadamente 15 metros quadrados, com banheiro de alvenaria. A construção será de responsabilidade dos moradores, com orientação e supervisão da equipe da Cohab. “Neste momento precisamos garantir que as famílias tenham acolhimento e assistência para aguardarem em segurança até que possamos incluí-las e atendê-las em um dos projetos do programa de habitação do município”, disse Lupion.
No entanto, Lupion destacou a importância de as pessoas observarem o risco de viverem em áreas ocupadas de forma irregular e impróprias para a habitação. “Em 2009, a Cohab já havia atuado na área e retirado de lá, famílias que viviam precariamente, em situação de risco. Ao longo dos anos seguintes, outras famílias voltaram a ocupar a área.
Insegurança
Uma das moradoras era a coletora de materiais reciclados, Gisleine Lourenço, de 26 anos, que vivia com o filho Alejando, de 8 anos, em uma das casas que foi totalmente destruída pelo fogo. Grávida de 7 meses, Gisleine ainda está assustada com o que viveu e não sabe como fará para refazer o enxoval que havia preparado para Maria Valentina, que vai nascer em fevereiro. “Temos recebido ajuda da Prefeitura e dos amigos, mas a insegurança de como farei para recomeçar é grande, conta Gisleine.
O vizinho e também coletor de recicláveis Osvaldo Amaro também não se conforma de ter visto a casa ser tomada por chamas e virar ruína. O espaço muito adensado, com casas de madeira construídas muito próximas umas das outras, fez com que o fogo se alastrasse rapidamente. “Só tivemos tempo de tirar as crianças para fora. Em poucos minutos estava tudo destruído e ficamos sem roupas, sem os remédios, sem os materiais da escola das meninas e sem esperança”, disse Osvaldo.
Todas as famílias foram atendidas pelas equipes da Prefeitura, ainda na noite de sexta-feira (17/11), a partir de uma grande mobilização das secretarias municipais. O fogo começou por volta das 20h30, e logo tomou conta das casas. “Acionamos o Corpo de Bombeiros e as equipes da Prefeitura e todos foram rápidos para nos atender”, contou o líder comunitário, Edson Rodrigues, o Edson do Parolin, como é conhecido na comunidade.
O administrador regional, Gerson Gunha instalou o Sistema de Comando de Incidentes, organizando o atendimento às famílias. As equipes da Secretaria Municipal da Defesa Social e a Guarda Municipal garantiram a segurança do local. A Fundação de Ação Social (FAS) deu suporte às 15 famílias que precisaram ser alojadas em casas de amigos e parentes. Também providenciou a doação de roupas, colchões e materiais de higiene. A Secretaria Municipal do Abastecimento dispôs alimentos enquanto a Secretaria Municipal da Saúde atendeu uma gestante e três recém-nascidos cujas moradias foram destruídas.
Parolin
A Vila Parolin é uma das mais antigas áreas de ocupação de Curitiba, surgida no início da década de 50. O projeto de urbanização da área teve início em 2006 para beneficiar 1,5 mil famílias, com obras de construção de casas para reassentamento de famílias em situação de risco; complementação da infraestrutura nas áreas onde as famílias permanecem, com a pavimentação de vias; melhoria habitacional para casas em situação precária e construção de equipamentos comunitários, como escola, creche unidade de saúde, CRAS e barração e reciclagem.
Os recursos eram do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), com a meta de construir 716 moradias para reassentamentos de famílias e atender outras 830 com obras de urbanização. Destas famílias, 470 foram atendidas com casas e apartamentos do programa habitacional do município, construídas com recursos do PAC e do Minha Casa Minha Vida.
No ano passado, durante a gestão anterior, a meta fiscal do programa sofreu uma diminuição, com o encerramento do contrato. Porém, 14 sobrados que haviam sido iniciados e interrompidos, serão retomados e finalizados.