Ficar ilhado na própria casa ou, após um dia inteiro de trabalho, não conseguir entrar na residência sem se sujar de lama.
Essas situações são corriqueiras para os moradores do bairro Vila Militar, em Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
A temporada de chuva só agravou o lamaçal que toma conta das ruas, que não contam com uma pavimentação adequada.
“Em quatro anos que moro aqui só vi a patrola passar uma vez para minimizar o sofrimento das pessoas”, conta o vigilante Marcos Moreli de Oliveira, 55 anos.
Ele e a esposa Marli Miranda, 34 anos, moram na Rua Coronel Muniz de Aragão e convivem com uma rotina desgastante. “Tenho quatro filhos. Com esse barro, todo dia volto do trabalho e preciso lavar roupa para dar conta de tanta sujeira”, conta.
Trabalhando como auxiliar de limpeza, Marli sonha com o dia que poderá chegar ao trabalho com os sapatos limpos. “Não dá gosto colocar uma sandália bonita porque suja tudo”, reclama. “Andamos cinco quadras até chegar ao ponto de ônibus porque nem teria como o transporte vir até aqui com as ruas desse jeito”, avalia.
O risco de atolar é permanente. O vigilante José Alves, 49 anos, diz que em dias de chuva, redobra os cuidados para escolher a rua menos problemática. “Moro na Rua Herculano de Araújo, mas tem vezes que preciso avançar duas ou três quadras até acessar um caminho com menos risco para o carro”, explica. Segundo os moradores da Vila Militar, eles só são lembrados no período eleitoral.
Em nota, a Prefeitura de Piraquara informou que uma equipe da Secretaria Municipal de Infraestrutura está realizando vistorias na região para avaliação e possível realização de reparos emergenciais no local.
Segundo o texto, “no momento a prefeitura executa em toda a cidade um plano de emergência para amenizar o problema nas ruas mais precárias”. No comunicado, a prefeitura esclareceu que “o setor de obras passa por um momento de reestruturação e resolução de problemas deixados pela gestão passada, e que a partir de março estará trabalhando de forma plena, intensificando as ações em todos os bairros da cidade”.
Esgoto
Outro alvo de reclamação dos moradores é a ausência de rede coletora de esgoto em uma região vizinha à Represa do Iraí. “Na minha casa já existem três fossas”, relata o vigilante Marcos Moreli de Oliveira, 55 anos.
A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) explicou que já está em fase de desenvolvimento um projeto que irá construir 2,5 mil metros de rede de esgoto em Piraquara e está orçado em R$ 300 mil. As obras incluem a região da Vila Militar e devem ser executadas no segundo semestre deste ano.
| Marcos Borges |
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| José sempre procura o trajeto com menos risco para o carro. |
