Após quase 50 anos, a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco passa por uma grande obra de restauração, em Curitiba. Com arquitetura luso-brasileira e traços neogóticos, as portas do templo mais antigo da capital paranaense deverão ser reabertas no segundo semestre de 2024, previsão para o término da reforma.
Construída em 1737 por colonizadores portugueses, a igreja precisava de uma reforma, segundo o pároco, padre Antônio Luciano Ferreira. “A obra deu uma vida à igreja. Basicamente em todos os lugares teve interferência. Havia uma grande infiltração na parede lateral. As calhas estavam podres. Era urgente que houvesse essa reforma”, conta ele.
A restauração do templo começou em janeiro de 2023. A cobertura da igreja está finalizada. De acordo com o arquiteto, autor do projeto de restauro, Tobias Bonk, os trabalhos se concentram nos sinos e relógio nesta etapa. “As trincas e rachaduras nas paredes estão quase finalizadas, todas tratadas e com reforços estruturais. Na ambientação interna, estamos recuperando as origens da igreja”, afirma.
Com construção de 1737, os profissionais têm buscado recuperar as características da época. “Estamos respeitando para entregar a obra dentro de sua originalidade. A restauração do forro é uma preciosidade. O forro exige tempo, pois está junto com o altar e é um dos elementos mais delicados. Temos um trabalho minucioso, tratamento de fissuras e retirada de pinturas anteriores para trazer a pintura original, que está em bom estado”, explica o arquiteto.
Na Igreja da Ordem havia um arco no teto que dividia a capela menor (primeira parte do templo construído) e a capela maior. Porém, isso dificultava a visão dos fiéis. “O arco foi retirado. Isso é algo muito visível. Quando [os fiéis] chegarem, terão acesso às capelas menor e maior”, comenta o padre Antônio Luciano.
Para a conclusão da obra faltam os serviços externos, acessibilidade e parte elétrica. “A reforma começou em janeiro de 2023 e a previsão é de um ano e oito meses. É possível acabar um pouco antes. Não há nada que leve a obra adiante. Está tudo no prazo”, diz o sacerdote.
O restauro da igreja e do museu foi contratado pela Mitra Diocesana de Curitiba e viabilizado por meio da venda de cotas de potencial construtivo da prefeitura. Segundo a Arquidiocese de Curitiba, o valor estimado da obra é de R$11,4 milhões.
Reforma do Museu de Arte Sacra foi entregue em 2023
O Museu de Arte Sacra (Masac) também passou por um trabalho de restauração que foi finalizado em 8 de dezembro de 2023. O museu está integrado à Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas. Após a reforma, o espaço conta com equipamentos modernos de climatização, iluminação e sonorização. Além disso, há meios digitais de acesso às informações. Foi construído um Jardim de São Francisco, com oração do santo, sons da natureza e explicações sobre o simbolismo do espaço.
Dentro da igreja também foram descobertas algumas pinturas, na sacristia. “As pinturas do museu são gregas que lembram o curso do tempo da História. Há uma linha com os peixinhos que lembra a história cristã e o vermelho lembra o sangue dos mártires. Na sacristia, tem a pintura de flores. Provavelmente, são da mesma época”, reflete o padre Antônio Luciano Ferreira.
Em todo o acervo do museu, há mais de 1,5 mil peças de arte religiosa, objetos de culto e mobiliários. Em exposição estão apenas 230 peças. Entre os itens de maior destaque está a imagem de Bom Jesus dos Pinhais em terracota, do século XVII, que é a mais antiga do acervo. Também há a imagem de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais da mesma época, trazida pelos colonizadores da cidade, e outra da mesma santa trazida de Portugal em 1720.
“Temos obras importantes de três séculos e que precisavam estar bem preservadas. São peças que guardam a história da fé da nossa cidade e a preserva para gerações futuras. Se perdemos isso, ficará uma lacuna para sempre. Há imagens de Nossa Senhora da Luz, São Benedito, várias peças da Imaculada Conceição e cruzes”, destaca o padre.
Templo votivo de Adoração Eucarística
Além de ser um templo histórico, que atrai turistas e moradores da capital, a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco é conhecida por ter adoração a Jesus Eucarístico durante todo o dia. “Dom Manuel da Silveira quando chegou [na Arquidiocese] estabeleceu a Igreja da Ordem como uma igreja de perpétua adoração eucarística. Em 1951, estabeleceu como ‘templo votivo de adoração eucarística’. Uma igreja em que se faz adoração contínua”, explica o pároco.
Ele acrescenta que o papa Bento XVI também incentivou as arquidioceses a terem igrejas com adoração contínua. Por conta da reforma, as atividades da Igreja da Ordem foram transferidas para o Cenáculo Arquidiocesano, que fica ao lado do templo. A programação completa da igreja está disponível online.