Experiência, foco e determinação em trabalhar. Empresas de Curitiba e região metropolitana estão apostando em dar oportunidade para as pessoas acima dos 60 anos de idade. São profissionais com hábitos tradicionais, que buscam aliar a tecnologia com a regularidade no horário, atenção ao serviço e repúdio ao uso constante do celular.
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De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil ultrapassou a marca de 30 milhões de pessoas acima dos 60 anos, e a expectativa é que a partir de 2039, o país tenha mais idosos do que crianças. E uma tendência recente mostrou um aumento significativo no número de trabalhadores com 70 anos ou mais. Segundo o IBGE, desde abril de 2021, esse número cresceu mais de 20% no Brasil.
Um dos grandes exemplos ocorre na Assisteco Assistência Técnica Contábil, localizada no Centro de Curitiba. Atualmente, são 15 funcionários que atuam na empresa, sendo que dois deles já passaram dos 80 anos. Filinto Brandão, 89 anos de pura energia, chega diariamente ao escritório Às 7h25 para trabalhar como auxiliar de escritório.
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“Eu tenho responsabilidade, fui criado assim. Eu sei que o mundo mudou, mas tenho meus conceitos. Não deixo minha família na mão, e esse trabalho ajuda a complementar a minha renda. O salário de aposentado não banca a despesa”, diz Filinto, que antes era maratonista.
O companheiro de trabalho e com a mesma função é Shighehar Mori, 83 anos, um japonês que não quer descanso, algo comum entre os orientais. Para ele, descanso só aos fins de semana, e olha lá. “Se o chefe pedir, venho trabalhar. Idoso em casa não pode ficar só vendo televisão, pois vai acabar morrendo antes da hora. Aqui somos bem tratados, é um bom ambiente”, comenta o vovô de três netos.
“Celular é para ligar e atender”
Uma das grandes vantagens de contar com colaboradores mais experientes é não ter o aparelho celular como prioridade durante o trabalho, algo que os jovens têm dificuldade de desapegar.
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Gilberto Jorge da Paz, 71 anos, é o responsável pela Assisteco e tem experiência em gestão de equipe. De acordo com ele, ter no time pessoas da terceira idade é vantajoso em vários sentidos, inclusive nesse aspecto da tecnologia. “A mentalidade deles é diferente, é mais profissional. Não ficam no celular toda hora, eles são mais centrados”, relata Gilberto.
Questionado sobre o uso dessa tecnologia, Filinto desaprova o uso ilimitado do aparelho celular. “Eu não entendo os jovens, é um vício. Quando venho para o trabalho, vejo no ônibus umas 15 pessoas que não largam [o aparelho]. O celular é para ligar, atender e colocar no bolso”, completa o ex-marotanista.