Um técnico em alimentos, de 31 anos, que trabalha há 11 em uma empresa na capital, viveu seu dia de fúria, ontem, na Catedral, na Praça Tiradentes. Ele entrou na igreja, por volta das 16h, foi ao canto de oração do lado direito e, após terminar de rezar, arrancou as roupas e danificou imagens e móveis. O padre não quis registrar queixa.
Fiéis se horrorizaram ao ver o indivíduo, só de cuecas, chacoalhando a grande imagem de Jesus crucificado, que tem 70 anos. Um dos braços quebrou e a estátua ficou pendurara por um dos pregos na chaga do braço esquerdo. A cruz quebrou o vitral colorido. Em seguida, o homem derrubou a estátua de Santa Edwiges, padroeira dos endividados. Não poupou nem o quadro do papa João Paulo II, que teve a moldura despedaçada.
O homem só parou quando viu, atrás dele, quatro policiais militares do 12º Batalhão. Os PMs disseram que o indivíduo não ofereceu reação e foi levado ao 1.º Distrito Policial, vestindo apenas as calças. A igreja, que estava lotada, foi rapidamente esvaziada para a limpeza.
O padre Genivaldo Ximendes da Silva acredita que um milagre evitou mais destruição. “O rapaz também atacou a cúpula com a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Conseguiu derrubar o vidro, mas a santa não foi danificada”, contou.
Doença
O homem sofre de depressão e já foi internado três vezes. “Ele mora conosco e nos ajuda financeiramente. Ele e o irmão trabalham juntos na mesma empresa. Nós o levamos e o buscamos no trabalho todo dia. Era folga dele e deixamos que fosse à igreja sozinho”, contou a mãe do técnico. Segundo ela, o filho tem consulta com o psiquiatra na quarta-feira e recebia acompanhamento.
A mulher contou que o homem foi roubado na rua e telefonou do orelhão, porque o celular tinha sido levado pelo ladrão. “Disse que estava bem. Quando me avisaram que havia surtado, temi pelo pior”. Ela achou que o filho poderia ter se matado, com já tinha prometido outras vezes. A mãe o levaria para o hospital, tão logo deixasse a delegacia.
Algemado ao banco da delegacia, o detido disse que estava num dia ruim. Contou que sempre ia à igreja, mas estava afastado havia um tempo. Pediu desculpas e se calou. “Não vamos denunciá-lo. Ficaria com a consciência pesada se ele ficasse preso. Está doente e precisa de ajuda”, disse o padre.