“Amo o que faço. Estou arrasado em deixar o IML”, afirmou o bombeiro Hamilson Jorge Júnior, por telefone à Tribuna do Paraná, nesta segunda-feira, após receber a notícia de que seria afastado do Instituto Médico Legal (IML) – onde trabalhava desde abril de 2016. Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Paraná (SESP), informou que o afastamento aconteceu devido a “inúmeras denúncias que versam sobre a atividade do servidor que são incompatíveis com o exercício das funções – algumas delas registradas e divulgadas em redes sociais”.
Na semana passada a Tribuna contou a história de Hamilson, que faz sucesso nas redes sociais (seu perfil no Instragram praticamente duplicou o número de seguidores). O jeito de se vestir – no estilo hipster – chamou atenção à primeira vista, mas foi o jeito de encarar retratar a morte roubaram a cena. O trabalho no IML, que muito lhe orgulhava, foi encarado como uma transformação espiritual para o servidor, que deixou de salvar vidas nos Bombeiros, para lidar com a morte no IML.
Em reunião com a diretoria do IML, realizada na manhã desta segunda, Hamilson foi oficialmente informado a respeito do seu afastamento. De acordo com o bombeiro, a denúncia relativa a um atendimento – somada à publicação da reportagem (que ele consentiu) – foram os motivos que levaram a direção do IML a tomar a decisão. “As coisas acabaram coincidindo”, disse.
Na denúncia, segundo Hamilson, a família de um dos mortos naquela semana (a entrevista foi feita alguns dias antes), afirmou que ele teria agido de forma rude, dirigindo-se aos parentes do falecido com palavras de baixo calão. “Eu jamais faria isso. Realizei o procedimento de isolamento de risco padrão em todas as ocorrências. Voltei pra casa achando que tinha feito um bom trabalho”, disse.
Ainda de acordo com Hamilson, um ofício deve ser apresentado, ainda nesta tarde, no qual ele será colocado à disposição do Corpo de Bombeiros. O servidor ainda acredita que pode reverter a decisão.
Mudanças no IML
Após o escândalo que ficou conhecido como “velório na rua“, quando o corpo de um jovem de Colombo ficou à espera de remoção por quase 13 horas, o IML tem passado por uma série de mudanças. A troca do secretário de segurança do Paraná foi uma das medidas do governador Beto Richa, que também anunciou a chegada de novas viaturas.
A nova sede do IML deve ser inaugurada ainda este mês, mas a falta de servidores é um problema ainda sem solução. Vários dos candidatos aprovados no concurso da Polícia Científica tem reclamado da demora na convocação para assumirem suas funções, inclusive em comentários de todas as matérias sobre o assunto publicadas na Tribuna.