Manifestação

Grupos de oposição a Bolsonaro voltam às ruas neste sábado em Curitiba e mais 19 cidades do PR

Curitiba e outras 19 cidades do Paraná têm protestos confirmados
Protesto contra Bolsonaro em Curitiba. Foto: Eduardo Matysiak / Futurapress / Folhapress

Setores de oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltam às ruas neste sábado (19) para uma nova manifestação nacional pelo impeachment, por mais vacinas contra a covid-19 e por auxílio emergencial, menos de um mês após os atos de 29 de maio, que atraíram milhares de pessoas. Em Curitiba, a concentração será às 15h na Praça Santos Andrade.

No Paraná já estão confirmadas, também, manifestações nas cidades de Antonina, Apucarana, Campo Mourão, Cascavel, Cianorte, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Guarapuava, Irati, Laranjeiras do Sul, Londrina, Maringá, Matinhos, Morretes, Paranaguá, Pato Branco, Ponta Grossa, Umuarama e União da Vitória.

Animados com a participação popular e a repercussão política da rodada anterior, organizadores preveem volume maior de participantes. A quantidade de organizações que endossam a realização dos protestos e o número de cidades com atividades programadas cresceram em relação a maio.

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Até esta quinta-feira (17), estavam confirmados 409 atos em 402 cidades de todos os estados brasileiros, incluindo as 27 capitais. No exterior, a previsão era a de concentrações em 41 cidades, em países como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Portugal, Itália, Finlândia e Argentina.

Muito maior

No mês passado, segundo a coordenação, houve no total movimentações em 210 cidades no Brasil -algumas, assim como agora, tiveram mais de uma atividade. No exterior, o número também foi menor: 14 cidades. No total, foram 227 atos.

As manifestações são convocadas e apoiadas por movimentos sociais, partidos políticos, centrais sindicais, entidades estudantis, torcidas organizadas e grupos envolvidos em causas como feminismo e antirracismo. A organização está centralizada no fórum Campanha Nacional Fora, Bolsonaro.

A recomendação é que os manifestantes usem máscara (preferencialmente do tipo PFF2), se possível levem máscaras para doação, carreguem álcool em gel e mantenham o distanciamento social. Nos protestos de maio, as orientações foram seguidas, mas houve registros de aglomerações.

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O país passa por um novo avanço de casos e mortes na pandemia. Nesta quinta-feira (17), o Brasil registrou 2.335 mortes por covid-19 e 74.327 casos da doença. Com isso, o total de mortes no país chegou a 496.172 e o de casos a 17.704.041 desde o início da pandemia.

A média móvel de mortes por dia ficou em 2.005, segundo dia consecutivo com o número acima de 2.000 – já são 147 dias acima de mil mortes diárias.

Pelo país

Em São Paulo, a concentração do protesto será novamente na frente do Masp, na avenida Paulista, a partir das 16h (veja mais detalhes abaixo). A maior parte das cidades terá passeatas, mas em algumas haverá carreatas, consideradas menos arriscadas para a disseminação do novo coronavírus.

No sábado passado (12), Bolsonaro participou na capital paulista de um passeio de moto com apoiadores, depois de eventos semelhantes em Brasília e no Rio.

O presidente e auxiliares foram multados pelo governo João Doria (PSDB) por não usarem máscara contra a Covid-19 no evento. Motociclistas simpatizantes do governo também deixaram de usar a proteção facial –item que os protestos da oposição dizem diferenciá-los em relação aos dos bolsonaristas.

A Campanha Fora, Bolsonaro é composta por frentes como a Povo sem Medo, a Brasil Popular e a Coalizão Negra por Direitos, que reúnem centenas de entidades, entre elas MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), UNE (União Nacional dos Estudantes), CMP (Central de Movimentos Populares) e Uneafro Brasil.

Partidos de esquerda como PT, PSOL e PC do B também integram a campanha. O PT, que apoiou com mais afinco na véspera o ato anterior, desta vez decidiu entrar para valer na mobilização. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou que avalia comparecer, mas a tendência é que ele não vá.

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Segundo pessoas ouvidas pela coluna Painel, da Folha, entre as preocupações dele estão principalmente as aglomerações que poderia gerar durante a pandemia e a incerteza a respeito das condições de sua segurança individual.

Lula consultou médicos, entre eles o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), que lhe disseram que sua presença provavelmente geraria agrupamentos e infrações ao distanciamento social, que devem ser desencorajados durante a pandemia.

Do ponto de vista individual, Lula já recebeu duas doses de vacina contra a Covid-19, mas ainda assim existe a possibilidade de contaminação.

PSOL, PC do B, PCB, UP, PCO e PSTU, que já estavam participando ativamente da articulação, continuam envolvidas. Além disso, outros partidos anunciaram apoio à iniciativa.

O Cidadania, que se apresenta como um partido de centro, comunicou nesta semana sua adesão às manifestações, em nota assinada pelo presidente nacional, Roberto Freire.

Siglas como PSB, PDT e Rede Sustentabilidade adotaram, institucionalmente, posição mais cautelosa -dizendo que não estimulam a formação de aglomerações-, mas sem proibir a presença de seus quadros. Com isso, núcleos e seções regionais desses três partidos decidiram se juntar às manifestações.

Partidos de oposição a Bolsonaro mais à direita ignoraram o tema ou simplesmente deixaram a decisão a critério de cada filiado ou corrente interna.

Bolsonaro minimizou o impacto das marchas contra ele em maio e lançou mão de uma estratégia para tachar a iniciativa como evento de campanha de Lula. O adversário, que não esteve presente, lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições de 2022.

Apoios

Fora do ambiente partidário, a mobilização somou a adesão das dez principais centrais sindicais, que ficaram reticentes da outra vez, muito pela pressão de categorias profissionais que demonstraram preocupação com a incoerência de se juntar às multidões e defender o distanciamento social.

Na semana passada, o apoio às manifestações foi deliberado em um fórum das centrais, que inclui CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), entre outras.

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que em maio preferiu manter discrição na fase de preparação dos atos, desta vez incentiva a participação de seus integrantes.

O movimento Acredito, que prega renovação política e está posicionado mais ao centro, também se integrou à organização dos protestos. Já MBL (Movimento Brasil Livre) e VPR (Vem Pra Rua), que levaram a direita às ruas contra governos do PT e hoje se opõem a Bolsonaro, mantiveram distância.

Ativistas envolvidos na convocação deste sábado dizem que a chegada de novas forças e a esperada adesão de mais manifestantes se devem à crescente insatisfação com o governo Bolsonaro, mas também ao clima pacífico e organizado e às precauções sanitárias do protesto anterior.

À exceção do Recife, onde duas pessoas perderam a visão de um olho após terem sido atingidas por tiros de bala de borracha disparados pela Polícia Militar de Pernambuco, que também jogou bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes, não houve maiores intercorrências.

As principais bandeiras são o impeachment de Bolsonaro, a vacinação ampla contra a Covid e o pagamento de auxílio emergencial de R$ 600. As pautas foram definidas por centenas de organizações, que têm buscado unidade de discurso e se blindado contra atritos que comprometam a coesão.

Entre os objetivos, está ainda expressar apoio à CPI da Covid, vista como caminho que pode levar à responsabilização do presidente pelo agravamento da pandemia e servir de impulso para a Câmara dos Deputados abrir o processo de deposição dele, possibilidade tratada hoje com ceticismo.

Promover atos de rua em um cenário de descontrole da Covid foi um dilema que provocou debate em setores da esquerda nos últimos meses, mas a divergência de opiniões foi superada com as convocações para o dia 29 que atraíram milhares de pessoas em cidades do Brasil e de outros países.

O racha foi contornado diante do diagnóstico, feito por líderes do chamado campo progressista, de que solucionar as crises sanitária, econômica, institucional e política é inviável com Bolsonaro no poder.

As passeatas acabaram se convertendo no maior protesto contra o governo durante a pandemia e foram descritas pelos organizadores como exemplo concreto de que é possível promover manifestações de forma segura, sem contribuir para o aumento de casos de Covid.

A ordem geral, mantida agora, é a de respeitar os protocolos médicos para diminuir a chance de contágio do vírus. Segundo a coordenação, as orientações de higiene serão reforçadas, assim como o pedido para que pessoas de grupos de risco e com sintomas da doença não compareçam.

Com 496.172 mortos pela Covid no Brasil até esta quinta-feira (17), e a média móvel de mortes por dia acima do patamar de 2.000, deve ser atingida no fim de semana a casa das 500 mil vidas perdidas para o vírus, marca simbólica que terá espaço nas mensagens e gritos de manifestantes Brasil afora.

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