Sobrou pra quem?

Depois da greve, funcionários da limpeza sofrem para retirar cartazes dos bancos

Depois de 31 dias de paralisação, mais longa desde 2004, a greve dos bancários acabou. Na manhã desta sexta-feira (7), as agências abriram e muitas filas se formaram em diversas regiões de Curitiba.

Foto: Gerson Klaina.
Foto: Gerson Klaina.

Mas o que mais chamou a atenção foi o pessoal da limpeza, que teve que trabalhar duro para retirar os cartazes da fachada dos bancos.

“Eu acho um desaforo. Se pelo menos fossem adesivos e não papel com uma cola, sairia mais fácil. Mas o que é colocado aqui parece que é feito para prejudicar o nosso trabalho”, disse uma funcionária da limpeza entrevistada pela Tribuna do Paraná.

A mulher, que trabalhava duro pra conseguir retirar os cartazes colados em uma das agências em que a Tribuna passou, compartilhou da mesma opinião de outro funcionário, que também teve dificuldade na limpeza. “Estou desde a manhã lutando para retirar isso aqui. Acontece que eles só pensam no salário deles. Agora, pensar na gente, que ganha muito menos que eles e que tem um trabalhão danado depois que eles voltam ao trabalho, ninguém pensa”, desabafou.

Nas agências em que a reportagem esteve, nenhum dos funcionários quis conversar com a equipe da Tribuna. Conforme o Sindicato dos Bancários de Curitiba, colocar os adesivos faz parte de informar a população de que as agências estão fechadas. Mas a limpeza, ainda de acordo com o sindicato, é de responsabilidade de cada banco.

Depois de ouvir várias reclamações de funcionários em diferentes agências, a reportagem da Tribuna fez o teste para ver se, com os produtos disponibilizados por uma determinada agência, era fácil remover os cartazes. Veja o vídeo:

A greve

A decisão de retorno ao trabalho na Grande Curitiba foi tomada em assembleia realizada no início da noite desta quinta-feira (6). Acatando a orientação do Comando Nacional dos Bancários, os trabalhadores aprovaram a proposta apresentada na quarta-feira (5) pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), Banco do Brasil e Caixa Econômica.

Os bancários terão reajuste de 8% nos salários, mais abono de R$ 3.500, a ser pago em até 10 dias após assinatura da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Haverá aumentos de 15% no vale-alimentação e de 10% no vale-refeição e no auxílio creche-babá. Licença-paternidade passa para 20 dias. Será criado um centro de realocação e requalificação profissional.

Além disso, o acordo está condicionado a um reajuste, em 2017, que contemple a reposição da inflação (INPC) mais 1% de aumento real para os salários e em todas as verbas. Os dias parados durante a paralisação não serão descontados.

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