O descumprimento de frota mínima marcou a terceira manhã consecutiva com greve no transporte coletivo em Curitiba e região metropolitana. O resultado disso foram ônibus lotados, longas esperas e muita gente reclamando nos terminais da capital. Um impasse entre os trabalhadores e as empresas que operam nos setor fez com que o máximo de ônibus nas ruas nesta manhã fosse de 40%, segundo a Urbs. Por determinação da Justiça, no horário de pico – entre 5h e 9 horas– 50% da frota deveria ter saído das garagens.
E a situação ainda pode piorar, já que há informações oficiais que dão contam de que os motoristas e cobradores pretendem paralisar as atividades completamente às 15h desta sexta-feira (17), no momento da audiência de dissídio coletivo do transporte coletivo, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
- Greve do busão não será apenas nesta quarta-feira. Entenda!
- Greve de ônibus em Curitiba esquenta disputa entre táxis e Uber
- A greve de ônibus continua; veja opções para voltar para casa
- Veja em tempo real como está o trânsito em Curitiba
O Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc) alega que não tem acesso aos dados da planilha da frota para calcular a quantidade de ônibus que pode liberar e, dessa forma, cumprir a determinação legal. O Sindimoc informou ter entrado com mandado de segurança para conseguir ter acesso a estas escalas, embora nem todas as empresas não estejam liberando o documento.
Na garagem da Viação Tamandaré, por exemplo, Nilton José de Lima, representante do Sindimoc que controlava a saída dos ônibus, disse que ele tinha a planilha que mostra a frota mínima que tem de ser cumprida. “Nós recebemos a planilha da Urbs com o que tem de sair, então não tem como passar despercebido”, afirmou. O Sindimoc ainda não informou se o problema com as planilhas é comum em todas as empresas.
Por sua vez, o Setransp, sindicato que representa as empresas de transporte, disse que a escala das linhas é repassada pela própria Urbs e que é com base neste documento que as empresas montam a escala de trabalho repassada aos funcionários e ao Sindimoc.
Segundo o Setransp, o que impediu o cumprimento de frota mínima nesta manhã foi a falta de pessoal suficiente para colocar os ônibus para rodar. A entidade informou que colaboradores que chegavam às garagens eram desmobilizados por sindicalistas e que ônibus que chegaram a sair foram sequestrados – o que foi negado pelo Sindimoc.
Manhã de transtornos
O fato é que a greve parcial gerou mais uma manhã de transtornos nos terminais de Curitiba, onde alguns ônibus passavam com intervalo superior a 20 minutos.
No terminal do Carmo, a situação foi caótica para passageiros que dependiam dos expressos com destino à Praça Carlos Gomes, no Centro. Passageiros reclamaram que o “Ligeirão” levava, por volta das 8h30, até 20 minutos para passar, quando o intervalo normal é de, no máximo, sete minutos. Por volta das 8h20, a reportagem aguardou a chegada de um ônibus dessa linha. Ele chegou quase 15 minutos depois, praticamente colado com outro da mesma linha.
No terminal do Boqueirão, havia menos passageiros do que o normal, mas os que passavam pelo local nesta manhã precisaram de muita paciência. A espera gerou muita fila. “É um desrespeito”, disse o taxista João Nunes, de 44 anos. Ele esperava pelo táxi com o qual vai trabalhar hoje do lado de fora do terminal, depois de ter aguardado 40 minutos para embarcar em um ônibus da linha Circular Sul no terminal do Sítio Cercado, por volta das 7 horas. “Até veio um antes, mas não deu pra entrar”, comentou. Ainda no Boqueirão, longas filas se formaram durante a manhã nos pontos que saem para São José dos Pinhais. Passageiros disseram ter esperado mais de meia hora para aguardar a chegada de um ônibus.
Segundo a Urbs, que gerencia o transporte coletivo em Curitiba, às 6 horas, a frota nas ruas da cidade chegava a 23% do total; às 7 horas, o sistema mostrava 30% dos veículos nas ruas; às 8 e às 9 horas, já era 40% de frota mínima. Às 10 horas esse porcentual chegou aos 35%, e às 11, aos 37%.