Uma das principais reclamações de usuários do sistema público de saúde, as filas por consultas com médicos especialistas em Curitiba eram menores em outubro que em janeiro de 2013. Ainda assim, são grandes – há 147.605 pessoas aguardando por consultas nas 15 especialidades mais concorridas, segundo dados da Secretaria da Saúde.
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Prefeito eleito no último domingo, Rafael Greca (PMN) fez promessas ousadas a respeito do tema. Diz que irá, em até 12 meses, realizar mutirões de consultas e exames, zerando as filas de especialidades, e lança mão da mesma estratégia para lidar com a espera por cirurgias no sistema municipal de saúde.
A missão é difícil. Greca já assume a prefeitura com uma fila do SUS menor que a recebida por Fruet. O número de pessoas na fila em outubro de 2016 é 15,6% menor que o de janeiro de 2013, quando 174.841 pessoas que esperam por atendimento nas mesmas quinze especialidades. Outro dado: dez delas têm atualmente menos espera do que antes, ante cinco em que há mais gente aguardando por médico. Por fim, relata a prefeitura, caiu o número de especialidades com filas: eram 2000, atualmente são 158.
Ainda assim, dados do próprio município mostram que espera-se mais de um ano – em casos não prioritários – por consultas com ortopedistas, endocrinologistas ou cirurgiões vasculares.
“Em 60% [das especialidades], em geral o tempo médio de espera é de três meses ou menos [para casos não prioritários]. Contudo, nas filas de maior demanda reprimida prévia, de grande demanda corrente ou de reduzida oferta de consulta inicial disponível, vários tempos médios de espera ainda estão significantemente acima de 3 meses, mesmo em casos em que a fila já vem em redução gradual progressiva”, admite o secretário municipal da Saúde, César Titton.
“Além disso, algumas filas são bem assimétricas [a depender da idade dos pacientes]”, argumenta. Por exemplo: pacientes adultos esperam menos de um mês por um neurologista, mesmo tempo de fila existente para crianças que precisem consultar um cardiologista ou ortopedista. Para efeitos de comparação, o tempo de espera total – isto é, sem a separação por faixa etária – é de três meses, cinco meses e mais de um ano, respectivamente.
Para Armando Raggio, médico patologista, ex-secretário municipal e estadual da Saúde no governo Jaime Lerner, porém, a causa das filas não é a falta de especialistas, mas de médicos generalistas.
“Hoje, o que mais temos são especialistas. Fomos formados numa perspectiva especializante, com especialistas para tudo. Então, temos um paradoxo: quanto mais se amplia o sistema, mais se gera fila. Precisamos mesmo é dos generalistas” , diz Raggio, atualmente professor da Escola Fiocruz de Governo, em Brasília.
Ele cita o exemplo de Florianópolis, que, segundo ele, resolveu universalizar a atenção à família. “Lá, ninguém vai adiante sem passar por um clínico. O resultado disso é que as filas das especialidades caíram.”