Ocupações

Governo volta atrás e aceita adiar reintegração do CEP; outros 24 colégios serão desocupados

Foto: Henry Milleo.

O governo do Paraná voltou atrás e decidiu aceitar a proposta apresentada pelos estudantes, que reivindicavam a manutenção da ocupação do Colégio Estadual do Paraná (CEP). Com o acordo, mediado pelo Ministério Público, o estado deve adiar por dez dias o cumprimento da reintegração de posse do CEP e, em contrapartida, alunos devem deixar outras escolas que haviam sido tomadas em Curitiba e para as quais a justiça já havia determinado a reintegração de posse.

A nova decisão do governo foi tomada no início da noite desta sexta-feira (28), em reunião com o Ministério Público do Paraná (MP-PR). Antes do encontro, o procurador-geral do estado, Paulo Rosso, havia garantido que não aceitaria a proposta dos estudantes, alegando que o CEP “seria transformado em um quartel general” dos secundaristas.

Com o recuo, o governo e o MP-PR devem expedir uma petição conjunta, a ser endereçada à Justiça, solicitando o adiamento do cumprimento da reintegração de posse do Colégio Estadual. Neste período, o governo deve avaliar “com mais calma” as reivindicações dos estudantes”. Os termos do acordo foram confirmados à reportagem por volta das 18h30, pelo próprio Paulo Rosso e pelo procurador-geral do MP-PR, Ivonei Sffogia.

“Foi a melhor saída que havia, dentro do que era possível, e me parece muito sensata. É uma medida que abre espaço ao diálogo entre o governo e os estudantes, o que é bom para o movimento dos alunos e, ao mesmo tempo, libera as demais escolas, para que retomem o seu funcionamento normal”, disse Sffogia.

Ele acrescentou que, com o acordo, as outras escolas devem ser ocupadas “imediatamente”. No total, a Justiça expediu mandados de reintegração de posse para o CEP e outros 24 colégios estaduais. Segundo os estudantes, na tarde desta sexta-feira, sete desta lista já haviam sido desocupados voluntariamente.

O procurador-geral do MP-PR acrescentou que, ao longo dos próximos dez dias, deve intermediar novas negociações entre o governo e os estudantes, na tentativa de costurar um consenso. Entre as reivindicações do movimento estudantil estão a não implantação da medida provisória 746 (que prevê a reforma do ensino médio) no Paraná; a criação de uma conferência de educação (por meio da qual os alunos pudessem opinar sobre a reformulação) e a anistia dos professores e estudantes que participaram das ocupações.

O defensor-geral do estado, Sérgio Parigot de Souza – chefe da Defensoria Pública do Paraná -, que também participou da mediação, aprovou o acordo. Na avaliação dele, a proposta possibilita que a abertura de um diálogo entre governo e estudantes. Ele apontou, ainda, que há outros pedidos de reintegração de posso tramitando em outras regiões do estado e que pode haver novas decisões na próxima semana.

“As liminares [deferidas] até agora dizem respeito a colégios de Curitiba, mas existem outras, de outras comarcas, que ainda não tiveram uma decisão por parte da Justiça”, destacou.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna